O impacto da compra das ações da Americanas pelo Morgan Stanley
Enquanto bancos e fundos retiraram posições na companhia, a instituição americana aumentou sua participação para 5,2% do capital
Após o rombo bilionário no balanço contábil que derreteu as ações das Americanas na bolsa e fez com que os principais bancos e fundos brasileiros e internacionais retirassem tanto suas posições quanto recomendações da companhia, o banco americano Morgan Stanley foi na direção contrária e adquiriu papéis na última segunda-feira, 30, aumentando sua participação para 5,2% do capital total.
A compra foi suficiente para impulsionar uma valorização semanal dos papéis, de 74% entre a sexta-feira, 27, até a quarta-feira, 2. No entanto, nesta quinta-feira, 3, as ações voltaram a cair e fecharam em retração de 17,7%, a 1,72 reais. No ano, eles acumulam queda de 80,95% e colocam em dúvida a capacidade de a empresa se reerguer e voltar algum dia ao patamar dos 10 reais.
O aumento da exposição do Morgan Stanley ocorreu por meio de subsidiárias do banco, entre eles, fundos multimercados, que adquiriram no total 42.247.674 ações ordinárias e 4.575.600 instrumentos financeiros derivativos com previsão de liquidação física. A compra foi comunicada à Comissão de Valores Mobiliários, mas no documento apenas consta que a empresa “não objetiva alterar a composição do controle ou estrutura administrativa da Companhia”. A assessoria de imprensa do Morgan Stanley, por sua vez, afirmou que o banco não irá se pronunciar.
Para Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama investimentos, é muito difícil avaliar o potencial de crescimento das ações da Americanas neste momento, em que o pedido de recuperação judicial da Americanas está apenas no início. A posição da casa é de não recomendação de compra dos papéis da empresa, apenas de varejistas concorrentes como Via, Mercado Livre e Magazine Luiza.
“Temos de ver quanto vai precisar ser colocado de recursos na Americanas e como vai ficar a lucratividade da empresa. O modelo de negócios da empresa está sendo questionado, afinal esse foi um passivo que se acumulou por anos e que era para ter sido registrado como despesa financeira. Fica a dúvida se ela conseguirá contar suas dívidas e dar lucro”, diz Soares.