Entenda o que fez as bolsas de valores desabarem pelo mundo
Dados sobre o mercado de trabalho americano motivaram investidores a vender ações prevendo maior atratividade dos títulos de dívida dos Estados Unidos
As principais bolsas de valores da Ásia, Europa e São Paulo registraram fortes quedas após as ações de empresas americanas desabarem na segunda-feira 5. O movimento é reflexo da expectativa de que os Estados Unidos aumentem o ritmo da alta de juros, atraindo dinheiro investido nas empresas em vários países para o Tesouro americano.
Com a maior oferta de papéis das empresas dos EUA, o preço cai. “Todos sabiam que ia ter uma realização [venda de ações para lucrar] no mercado. Mas é igual criança: fica todo mundo na beira da piscina para ver quem vai pular primeiro”, compara Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da corretora Nova Futura Investimentos.
Na segunda-feira, o índice americano de ações Dow Jones caiu 4,6% a 24.354 pontos, o S&P 500 perdeu 4,10%, a 2.648 pontos, e o Nasdaq recuou 3,78%, a 6.967 pontos. Os índices S&P 500 e Dow sofreram suas maiores quedas porcentuais desde agosto de 2011, com o aprofundamento de um esperado ajuste de máximas recorde.
Por aqui, apesar de o Ibovespa também ter reagido negativamente ao pregão americano de segunda-feira, especialistas acreditam que as ações de empresas brasileiras devem subir ao longo do ano. A análise é de que fatores como a volta do consumo das famílias devem aquecer a economia. Em relação aos juros, os economistas estimam que o Copom, do Banco Central, vá reduzir novamente a taxa – para 6,75% – na quarta-feira, por conta da inflação em patamar baixo.
Os títulos da dívida americana são altamente atrativos por serem considerados investimentos seguros. Mas as taxas de juros pagas por eles foram bastante reduzidas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em resposta à crise de 2008, chegando próximas a zero. O objetivo era produzir incentivos para que o dinheiro dos investidores migrasse para as empresas.
Em resposta à crise, a instituição também fez um programa de compra de ativos de bancos (quantitative easing), que estavam altamente endividados e corriam risco de quebrar e prejudicar a economia como um todo. Isso também colocou mais dinheiro no mercado.
Desde o fim de 2016, o Fed vem sinalizando que vai reduzir sua carteira de títulos públicos e aumentar a taxa de juros. Mas o mercado reagiu mais fortemente a essa perspectiva a partir da última sexta-feira, após o Ministério do Trabalho americano divulgar informação de que a criação de vagas ficou acima do esperado. Outro dado é que os salários tiveram alta, o que pode causar aumento nos preços. O Fed ajusta os juros de olho tanto no mercado de trabalho quanto na inflação.