A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, renunciou ao cargo nesta quinta-feira, 20, após intensas pressões políticas e perda de popularidade entre os britânicos com o caos gerado pelo plano econômico da premiê, que em seus 45 dias de mandato conseguiu derreter a libra, empurrando a moeda britânica para seu menor patamar desde 1985.
Truss foi nomeada formalmente pela rainha Elizabeth II em 6 de setembro, e era a preferida para assumir o posto deixado por Boris Johnson, mas o audacioso plano econômico de corte de impostos acabou com a preferência do povo. O plano previa um corte radical de impostos, o maior desde 1972, para estimular a economia do país. Mas, os incentivos fiscais para impulsionar o crescimento do país – estagnado há uma década –, em um momento que enfrenta a maior inflação em 40 anos, era bastante controverso e vinha causando enorme temor no mercado. Além disso, o risco de endividamento do país com a maior renúncia fiscal em 50 anos acabou gerando um desconforto ainda maior entre os britânicos. Esse seria o maior corte de impostos – com um custo estimado de 161 bilhões de libras para os cofres públicos – desde o governo de Edward Heath, que foi marcado por inflação e a contratação de uma enorme dívida, levando o país a pedir resgate ao Fundo Monetário Internacional.
Quando o plano foi anunciado, em 23 de setembro, a libra caiu abaixo de 1,11 dólar pela primeira vez desde 1985 e gerou uma corrida dos investidores para a retirada de títulos do governo britânico, que tiveram a sua maior queda diária desde o colapso da Covid-19, em março de 2020. Dias depois, em 3 de outubro, Truss suspendeu o plano de corte de impostos devido à enorme turbulência causada no mercado com a libra atingindo a mínima histórica perante ao dólar.
Apesar do recuo, Truss havia pedido a credibilidade e confiança dos britânicos e vinha sofrendo enormes pressões política e sociais no cargo. “Reconheço que, dada a situação, não posso cumprir o mandato pelo qual fui eleita pelo Partido Conservador”, disse Truss, em seu breve discurso nesta quinta-feira, 20, ao renunciar. O seu governo tem 80% de reprovação, segundo pesquisa feita pela YouGov, tendo se tornado a líder do partido mais impopular da história britânica.