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O que é deflação e quando ela pode ser um problema para a economia

País registrou deflação de 0,09%, reflexo do baixo consumo das famílias

Por Thaís Augusto Atualizado em 6 set 2018, 15h53 - Publicado em 6 set 2018, 14h44
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  • O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve uma deflação de 0,09% em agosto, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A deflação ocorre quando os preços dos produtos e serviços caem durante determinado período. Já a inflação acontece quando os preços sobem.

    A deflação de agosto foi a menor para este mês dos últimos 20 anos, quando o IPCA ficou negativo em 0,51%. A última vez que o país registrou deflação foi em julho de 2017. A ocorrência da deflação por longo período de tempo é ruim para a economia do país, pois reflete o empobrecimento da população e a incapacidade de comprar, forçando a queda de preços no comércio e indústria. Esse movimento pode desacelerar ainda mais a economia.

    “A deflação, que aparenta ser uma coisa boa, é o retrato de uma situação incômoda da atividade econômica. À medida que temos mais produtos disponíveis do que a demanda, é natural a queda nos preços”, explica Otto Nogami, professor de economia do Insper. “Isso significa que estamos sentindo sinais de recessão. As famílias estão, por exemplo, postergando compras e administrando melhor o orçamento”.

    Um dos fatores que inibe o consumo é o desemprego em alta e redução da massa salarial. Tudo isso reduz a confiança na economia. Em agosto, o Índice de Confiança do Consumidor recuou 0,4 pontos em relação a julho, segundo a Fundação Getulio Vargas. “Os consumidores mantêm uma postura conservadora e cautelosa diante da lenta recuperação do mercado de trabalho, do alto nível de incerteza e das dificuldades para alcançar o equilíbrio orçamentário familiar”, afirmou a coordenadora da Sondagem do Consumidor da FGV, Viviane Bittencourt.

    A confiança do consumidor é um fator importante para a retomada econômica. Sem ela, os brasileiros ficam mais retraído na hora de consumir. Na outra ponta, os empresários deixam de fazer investimentos.

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    Segundo Nogami, a deflação divulgada hoje contraria a tendência dos meses de agosto, “quando normalmente os preços costumam subir”. Para ele, é um sinal de que a crise econômica não acabou.

    “A deflação de agosto acendeu a luz amarela, mas só será motivo de preocupação se persistir ou se a inflação for extremamente baixa”, disse ele. “Ainda assim, a tendência é de que os preços subam no segundo semestre, influenciados pelas compras de fim do ano”.

    O resultado desta quinta-feira foi influenciado, principalmente, pela queda nos preços dos grupos alimentação e bebidas (-0,34%) e transportes (-1,22%). No caso do grupo alimentação, foi o segundo mês consecutivo de deflação. 

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    A queda do grupo transportes foi a que teve maior impacto negativo para a inflação, com retração de 1,22%. O destaque foi a queda no preço dos bilhetes aéreos, que após alta de 44,51% na alta temporada de julho, teve deflação de 26,12% em agosto.

    “O mês de agosto não é mais período de férias, então os preços das passagens aéreas têm que cair em relação a julho. Mas o resultado me surpreende por causa do aumento no preço dos combustíveis”, afirmou Nogami.

    Segundo ele, é natural que muitos consumidores não notem a queda dos preços nos supermercados. “Isso acontece porque o índice de inflação é uma média. Algumas famílias têm características de consumo diferentes da média. Os produtos mais relevantes para eles podem ser aqueles cujos preços subiram”.

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