Funcionários dos Correios ameaçavam entrar em greve a partir desta quarta-feira (8) em todo o país. Mas a categoria decidiu em assembleias realizadas na noite de ontem esperar até o dia 14 para avaliar novamente o início da paralisação.
O que mudou o rumo do protesto foi a proposta de conciliação apresentada ontem pelo vice-presidente Tribunal Superior do Trabalho (TST), Renato de Lacerda Paiva. A proposta prevê reposição salarial pela inflação e manutenção de cláusulas do acordo coletivo.
Com a proposta do TST, o reajuste ficaria em 3,68%, maior que os 2,21% oferecidos pelos Correios. Os trabalhadores pediam um aumento de 5% a 8%. A manutenção das cláusulas do acordo garante benefícios que corriam o risco de serem extintos, como pagamento do vale-alimentação durante a licença médica por acidente de trabalho e do vale-cultura.
Mas um dos itens considerados cruciais pelos funcionários dos Correios é o fim da cobrança da mensalidade dos planos de saúde. Segundo as duas federações da categoria — Findect e Fentect — a cobrança do plano de saúde causará uma perda salarial de até 70% para os trabalhadores.
Em nota, as duas federações afirmam que devem procurar o ministro do TST até o dia 14 para “avançar na proposta apresentada […] no tocante ao plano de saúde, uma vez que ele manifestou sensibilidade quanto à perda salarial, pessoal e familiar, que estão sofrendo os ecetistas após implantação da mensalidade em cima do salário bruto”.
O problema é que a proposta do TST não trata da questão do plano de saúde. Foi o próprio TST que decidiu em março deste ano que os funcionários dos Correios deveriam passar a pagar uma mensalidade. Segundo os sindicatos da categoria, mais de 14.000 funcionários saíram do plano por não conseguirem arcar com a mensalidade.
Hoje, os Correios têm 108.000 empregados, mas paga as despesas médicas de 400.000 pessoas. Além dos 32.000 aposentados, também são cobertos pelo plano de saúde filhos, cônjuges e pais dos trabalhadores. Atualmente, os custos do plano de saúde para a empresa geram uma despesa da ordem de 1,8 bilhão de reais ao ano.
Em nota, as federações de trabalhadores dos Correios dizem que a proposta do TST precisa ser melhor analisada e por isso adiaram a deflagração da greve.
A proposta do TST dá aos funcionários dos Correios prazo até esta quinta-feira (9) para aceitação. A proposta perde a vigência caso os trabalhadores optem pela greve da categoria ao longo deste período. E define que os Correios têm até sexta (10) para se manifestar.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos informou em nota ontem que aguardava a aprovação da proposta do TST pelas assembleias para assinar o acordo coletivo da categoria.