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Odebrecht vê batalha com credores perto do fim

O plano de recuperação judicial deve ser finalmente aprovado após recuo dos bancos públicos

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h40 - Publicado em 28 fev 2020, 16h57

O clima melhorou dentro da Odebrecht. Nas proximidades da reunião de credores para discutir o plano de recuperação judicial da empresa, que acontecerá no próximo dia 18, todo mundo parece, finalmente, se entender. Os bancos públicos, no cerne das pressões políticas pela quebra da companhia, ficaram, digamos, menos insatisfeitos com o novo planejamento posto à mesa. Pois a Braskem, braço petroquímico que o grupo mantém em parceria com a Petrobras, conseguiu firmar acordos de indenização com as família afetadas pelo desmonte de bairros inteiros em Alagoas, causado pela extração de minérios pela empresa em Maceió, capital do estado. Dos seis maiores credores do conglomerado — os bancos públicos Banco do Brasil, Caixa e BNDES e os privados Santander, Bradesco e Itaú —, só a Caixa não detinha ações da Braskem como garantia do pagamento de créditos devidos pelo grupo. As dívidas da companhia que estão sendo renegociadas juridicamente somam 51 bilhões de reais. Com as contas na Justiça desde junho do ano passado, depois de infindos adiamentos, o plano de recuperação judicial deve ser finalmente aprovado na próxima reunião.

Os entraves envolviam duas questões: uma política, outra econômica. O governo pressionou as instituições públicas a não arredarem o pé de tirar os tufos da empresa, num movimento quase vingativo. O presidente Jair Bolsonaro via a quebra da companhia com bons olhos, pela proximidade pretérita da Odebrecht com os governos petistas e os desmandos de corrupção revelados pela Operação Lava-Jato. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a dizer que a empresa “estava quebrada”, enquanto o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, cobrou uma resolução rápida para a venda da Braskem. Pelo lado econômico, se desfazer rapidamente da participação na petrolífera respeita a filosofia do ministro e da gestão da Petrobras de focar suas operações na exploração do pré-sal.

Os planos da Odebrecht envolviam esperar a valorização da Braskem para vender a empresa, uma das únicas saudáveis no rol de companhias que mantém, e arrumar suas contas. Uma reunião entre os presidentes da Odebrecht, Ruy Sampaio, e Castello Branco, selou um acordo de paz. A reunião, ocorrida na sede da estatal no Rio de Janeiro no começo de janeiro, envolvia o ingresso da Braskem no Novo Mercado — grupo de empresas com capital aberto que mantém alto de grau de transparência e governança — da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. A migração para essa lista poderia elevar os preços das ações, o que é visto como saudável para as duas sócias. Após concluída essa etapa, as companhias venderão, em grandes lotes, as ações da petroquímica na bolsa.

A demissão sumária de Marcelo Odebrecht, que tentava esticar seus tentáculos sobre a empresa desde que passou para o regime semiaberto, também foi bem aceita pelos credores. A guerra entre pai e filho e as reiteradas investidas de Marcelo para retomar sua influência colocaram o acordo em xeque. Com os dias mais tranquilos, a história caminha para um final feliz para todos. Como não interessa mais a ninguém a quebra da Odebrecht, à mesa reservada, os advogados que representam os credores do conglomerado devem bater um papo mais tranquilos em relação ao acordo.

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