Elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Plano de Retomada da Indústria apresenta a sua contribuição para a retomada do desenvolvimento industrial, que é fundamental para o crescimento consistente e sustentável economia nacional. Seu objetivo principal é lançar as bases para a reindustrialização do país, em novos padrões, de forma que possamos ser parte da solução das questões climáticas e, ao mesmo tempo, nos integrarmos, de forma competitiva e sustentável, nas cadeias globais de valor, levando em conta o contexto das transformações globais ocorridas nos últimos anos.
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O Plano de Retomada da Indústria integra um conjunto harmônico de objetivos estratégicos de longo prazo com propostas de curto prazo, que visam subsidiar as ações governamentais nos primeiros 100 dias do novo governo, para fazer face aos desafios do desenvolvimento industrial. “Mais do que nunca, é fundamental e urgente que o Brasil utilize melhor sua grande disponibilidade de recursos naturais e de fontes de energia limpa, aumentando os investimentos em inovação e novas tecnologias”, explica Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, e completa: “Dessa forma, além de gerar benefícios para a nossa população, estaremos, também, contribuindo, de modo efetivo, para o futuro do planeta”.
O setor industrial é o que tem maior capacidade para dinamizar a economia e multiplicar riquezas. A cada R$ 1 produzido na indústria de transformação, são gerados R$ 2,43 na economia como um todo. A título de comparação, na agricultura são gerados R$ 1,75 e nos setores de comércio e serviços, R$ 1,49. Gera cerca de 10 milhões de empregos, o equivalente a 20% do total de trabalhadores formais do país. E são ocupações que, em geral, são mais qualificadas e mais bem remuneradas que a média nacional.
Apesar disso tudo, e ainda de representar 22% PIB, do recolhimento dos impostos federais, por 68% dos investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento e por 72% das exportações de bens e serviços, a indústria é onerada com 38% de toda a tributação no Brasil. A consequência é o entrave de um setor que tem a capacidade de puxar o crescimento doo restante da economia por possuir cadeias produtivas longas e ser o grande indutor de inovações. A alta produtividade e a produção em larga escala da agropecuária nacional, por exemplo, deve-se, em grande medida, aos insumos fornecidos pela indústria, tais como ferramentas, máquinas e equipamentos com grande conteúdo tecnológico; rações para animais; sementes, fertilizantes e defensivos.
Em meados da década de 1980, o setor industrial chegou a ser responsável por quase metade do PIB brasileiro. Desde a década de 1990, entretanto, o Brasil tem sofrido um preocupante processo de desindustrialização, que se agravou severamente nos últimos dez anos. A indústria de transformação, que em 1985 representava 36% do PIB, terminou o ano de 2021 com apenas 11% de participação na produção nacional.
O grande responsável por esse encolhimento é o chamado Custo Brasil: um conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas que atrapalham o crescimento do país, influenciam negativamente o ambiente de negócios, encarecem os preços dos produtos nacionais e custos de logística, comprometem investimentos e contribuem para uma excessiva carga tributária.
Atualmente, existem apenas medidas esparsas de incentivo e apoio setorial à indústria. O Brasil está ficando, novamente, para trás na corrida pela competitividade. Os recursos públicos direcionados à indústria são desproporcionalmente inferiores à contribuição da indústria para a economia brasileira. Apesar de sua importância, a indústria recebe aportes e incentivos bem menores do setor público do que o agronegócio, por exemplo. Em sua 22a. edição, a publicação VEJA INSIGHTS, em parceria com a CNI, o SESI e o SENAI, traz uma coletânea de artigos de sete especialistas no assunto. Juntos, os textos refletem sobre os rumos a seguir no novo governo para mudar tal cenário pouco auspicioso.
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