Os impactos da guerra comercial de Trump com a China
Empresas dos EUA têm dito que guerras tarifárias do presidente tiveram impacto sobre elas; até mesmo para algumas favorecidas os benefícios não estão claros
Empresas dos Estados Unidos de todos os ramos -de chips de computadores a tratores- têm dito que as guerras tarifárias do presidente norte-americano, Donald Trump, incluindo disputas com a China e tarifas globais sobre aço, tiveram um impacto sobre elas. Até mesmo para alguns dos esperados favorecidos, como siderúrgicas, os benefícios das tarifas do presidente não estão inteiramente claros.
Trump disse em 5 de maio que ele elevaria tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses a 25%, ante 10%, intensificando a pressão para que o governo chinês concorde com um acordo.
Perdedores
Tecnologia
* Apple – A Apple cortou sua previsão de vendas para o primeiro trimestre, culpando as lentas vendas de iPhone na China, onde a incerteza em torno das relações comerciais EUA-China abalaram a economia. Depois que a Apple reduziu preços no fim do mês passado, as vendas ganharam ritmo e a Apple citou um tom melhor na guerra comercial para uma perspectiva mais forte.
* Intel Corp – A fabricante de chip no mês passado cortou sua projeção de receita para 2019, citando uma desaceleração na demanda da China.
Veículos
* Fiat Chrysler – A montadora projetou que preços mais elevados de commodities, puxados por tarifas, custarão 750 milhões de euros ao ano.
* General Motors – A empresa previu 1 bilhão de dólares em custos adicionais neste ano em função de tarifas e matéria-prima. Os preços de aço e alumínio diminuíram, mas os preços de outras commodities, como paládio, subiram, disse a companhia.
* Ford Motor – A montadora disse que em 2018 incorreu em reveses de cerca de 750 milhões de dólares em efeitos relacionados a tarifas. Volume menor de vendas e custos elevados de commodities, incluindo efeitos ligados a tarifas, adicionaram 500 milhões de dólares aos custos do primeiro trimestre, na comparação com o ano anterior.
* Harley-Davidson – A fabricante de motocicletas disse que custos relacionados a tarifas na União Europeia e China foram de 23,7 milhões de dólares em 2018 e devem ficar entre 100 milhões e 120 milhões de dólares em 2019.
Equipamentos pesados
* Caterpillar – A Caterpillar disse que as tarifas custarão à companhia entre 250 milhões e 350 milhões de dólares em 2019 caso não haja nenhum alívio.
* Deere – A fabricante disse em fevereiro que espera que tarifas dos EUA sobre importações chinesas custem à companhia 100 milhões de dólares em 2019.
Agricultura
* Archer Daniels Midland – O lucro operacional ajustado da trading de commodities caiu 30% no quarto trimestre, a 183 milhões de dólares, uma vez que a guerra comercial com a China abalou seus negócios de sorgo e soja.
* Bunge – A companhia reportou uma perda de 125 milhões de dólares com marcação a mercado em agosto em posições em soja apostando que a guerra comercial com a China seria evitada. Os lucros da Bunge então despencaram no quarto trimestre, uma vez que uma trégua temporária com a China levou os preços da soja a caírem e cortou o valor de seu estoque de soja brasileira em 125 milhões de dólares.
* Cargill [CARG.UL] – A trading de commodities disse em março que as tensões comerciais entre EUA e China e outras interrupções na cadeia de produção continuavam a pesar sobre resultados em negociação e processamento de produtos agrícolas, a unidade principal de trading de grãos da companhia.
Vencedores
Aço
* Nucor – A maior fabricante de aço dos Estados Unidos registrou lucros recordes e embarcou um volume recorde de aço em 2018, beneficiando-se das tarifas. Mas no mês passado, a companhia projetou lucro para o primeiro trimestre abaixo das estimativas de Wall Street, citando menores preços médios de vendas de folhas de aço e um atraso nos embarques a clientes no setor de construção. As tarifas impostas pelo governo Trump sobre importações de aço, principalmente da China, aumentaram a produção doméstica, levando a uma queda nos preços de aço.
Agricultura
* JBS – A empresa brasileira, que é a maior processadora de carnes do mundo, conseguiu elevar as exportações de carne para a China à medida que as tensões entre EUA e China se intensificaram. A fatia de exportações da companhia ao país asiático subiu para mais de 24% no ano passado, ante menos de 21% em 2016 e 2017.
* Louis Dreyfus Company [AKIRAU.UL] – A operadora global de commodities agrícolas disse que as oportunidades de negócio criadas pela disputa comercial EUA-China impulsionaram seu negócio de soja no ano passado. A companhia registrou volumes recordes de exportação de soja a partir do Brasil, elevando o lucro em 12%, ante o ano anterior.