País ganhou 4 mi de trabalhadores informais nos últimos 4 anos
Segundo IBGE, crescimento da informalidade gerou achatamento de salários e mudou estrutura do mercado de trabalho
O número de profissionais informais, sem carteira assinada cresceu 2,6% de abril a junho deste ano em relação aos três primeiros meses de 2018. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (31) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Nos últimos quatro anos, 4 milhões de empregos informais foram criados no país — uma média de 1 milhão de oportunidades sem direitos trabalhistas por ano, totalizando um contingente de 37,060 milhões de postos de trabalho informais, o equivalente a 40% da população ocupada do Brasil, de 91,2 milhões de pessoas.
“Quando a crise dura mais tempo do que o esperado, os profissionais recorrem a uma estrutura de trabalho informal para gerar renda e garantir a própria subsistência”, explica Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do instituto.
Na avaliação do técnico, o crescimento da informalidade mudou a estrutura do mercado de trabalho. “O comércio, transporte e serviços foram transformados pelo Uber, vendedores ambulantes e profissionais independentes”, exemplifica Azeredo.
Na Pnad, é possível verificar um aumento de 1,2% na taxa de profissionais ocupados na área de transportes, armazenagem e Correios de abril a junho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo o coordenador do IBGE, o índice pode ser justificado, em grande parte, pelos aplicativos de mobilidade urbana.
Achatamento salarial
Outro impacto do aumento da informalidade está na remuneração. Os dados do IBGE mostram que de 2012 a 2018, o rendimento médio mensal das pessoas ocupadas no Brasil pouco variou. Do segundo trimestre de 2012 ao mesmo período deste ano, por exemplo, o aumento foi de 111 reais. Há seis anos, o rendimento médio mensal foi de 2.087 reais, enquanto o do último trimestre, de 2.198 reais.
“Com a informalidade, há perda de postos de trabalho, redução de direitos trabalhistas e, consequente, achatamento de salários. Um empregado doméstico, por exemplo, chega a ganhar menos de um salário mínimo [954 reais]”, analisa Azeredo.
Desemprego em queda
De acordo com a Pnad, a taxa de desemprego no Brasil recuou para 12,4% no trimestre encerrado em junho, o que representa uma queda de 0,7 ponto porcentual em relação aos três meses imediatamente anteriores. O resultado mostra que 13 milhões de pessoas estão fora do mercado de trabalho no país.
A quantidade de pessoas desempregadas caiu 5,3% no segundo trimestre, em relação ao três meses anteriores. Desta forma, segundo o IBGE, de abril a junho, 723 mil pessoas deixaram a situação de desemprego no Brasil.