Páscoa: conheça 10 curiosidades sobre o chocolate
O Brasil tem uma infinidade de variedades nativas de cacau, além daquelas cultivadas no mundo todo. Cada uma se diferencia por aromas e sabores únicos
A Páscoa deste ano será celebrada no domingo, dia 1º de abril. Um dos símbolos da festa é o chocolate. Veja abaixo 10 curiosidades sobre o produto.
Do fruto para a indústria
O chocolate é feito a partir das sementes ou amêndoas do cacau. O fruto tem a forma de uma bola de futebol americano e costuma ter entre 20 e 40 sementes envoltas numa polpa branca. Quando sua casca fica amarela, ele está maduro e é aberto para a retirada das amêndoas que seguem para dornas de fermentação e, na sequência, para secagem. Só então as amêndoas vão para indústria moageira, que as prensa para a extração da manteiga de cacau e da massa de cacau, matérias-primas para a fabricação do chocolate.
Chocolate branco
Muitos dizem que chocolate branco não existe, mas depende da interpretação. Aqueles que defendem essa tese afirmam que os produtos disponíveis nos supermercados são feitos com manteiga de cacau, leite e açúcar. Portanto, não poderiam ser considerados “chocolates” por não conter os dois ingredientes provenientes da prensagem da amêndoa do cacau: a gordura (manteiga de cacau) e a parte sólida (massa de cacau). Já os defensores argumentam que a manteiga é o subproduto mais caro do processo e que não há justificativa para essa polêmica.
Energético Natural
Quando os espanhóis chegaram ao México notaram que os astecas e maias tomavam um líquido frio, escuro e de gosto amargo, que lhes dava muita disposição e energia para caminhar. A tal bebida alcoólica era feita a partir da fermentação dos açúcares contidos na polpa que envolve as sementes do cacau, fruto considerado sagrado pelos índios. A poção, também considerada afrodisíaca, era consumida tanto na vida cotidiana quanto em cerimônias religiosas.
Chocolate ruby
Lançado ano passado pela belga Barry Callebaut, trata-se de um chocolate naturalmente rosado feito a partir de uma variedade de cacau chamada Ruby. A cor é obtida quando a amêndoa é processada de uma determinada maneira, sistema mantido a sete chaves pela empresa. O sabor e é bastante peculiar, lembra frutas vermelhas e não é nada parecido com os chocolates convencionais: não tem gosto amargo, nem leitoso ou doce.
Preservação ambiental
A produção de cacau, matéria-prima do chocolate, é responsável pelo remanescente de Mata Atlântica existente no Sul da Bahia. Na região, o fruto é plantado no sistema cabruca, ou seja, em consórcio com a Mata Atlântica, o que garante o sombreamento do cacaueiro e a longevidade da lavoura. Se não fosse o plantio do cacau, provavelmente a mata nativa teria sido derrubada e a área convertida em pastagem.
Chocolates varietais
O Brasil tem uma infinidade de variedades nativas de cacau, além daquelas cultivadas no mundo todo. Cada uma se diferencia por aromas e sabores únicos. O problema é que poucos conseguem degustar chocolates varietais nacionais. Isso porque a indústria moageira compra diversas variedades de cacau e as processa todas juntas. Mas o potencial dos chocolates varietais é o mesmo dos vinhos varietais: vinho carbenet sauvignon, tannat, malbec, entre outros.
Obra de arte
Cada vez mais, a qualidade da matéria-prima tem sido valorizada pelos chocolatiers. No Brasil, um exemplo é a Samantha Aquim, proprietária da loja Chocolate Q, no Rio de Janeiro. A chef garimpa o que há de melhor em território nacional para confeccionar seus produtos; alguns comercializados como obra de arte em caixas numeradas e limitadas. O destaque é a coleção Q0, chocolates feitos com cacau especial e moldados numa forma desenhada por Oscar Niemeyer.
Chocolate de origem
O Brasil tem duas regiões com Indicação de Procedência (IP) do Cacau: Linhares, no Espírito Santo, e o Sul da Bahia. O registro foi concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e chancela, a partir de entrevistas e documentos históricos, que essas localidades têm tradição no cultivo de cacau. O próximo passo é conquistar a Denominação de Origem, também emitida pelo INPI, que certifica que o local – além de ser conhecido pela produção do fruto – tem um terroir (peculiaridades de solo, clima e temperatura) que dão ao produto características específicas não encontradas em outros lugares. O título pode projetar o chocolate dessas regiões, tal como aconteceu com o vinho de Champanhe, na França.
Amigo do coração
Pesquisas cientificam comprovaram que o consumo diário de 40 gramas de chocolate amargo ajuda na proteção do coração. O produto é rico em flavonóides, substâncias que provocam a queda da pressão arterial e previnem o cérebro da ação de radicais livres, moléculas que causam o envelhecimento. A ingestão de chocolate desperta a sensação de bem-estar, a mesma vivenciada por quem está apaixonado. Isso porque ele aciona neurotransmissores (dopamina e serotonina) do circuito do prazer.
Chocolate raro
O Brasil tem uma variedade de cacau chamada Catongo Branco, que possui a amêndoa branca por não conter a antocianina, substância responsável pela coloração escura. Trata-se de um cacau singular, com notas de noz, usado por grandes chocolatiers do mundo. Entre eles, o chef Alain Ducasse, proprietário da Le Chocolat, a meca do chocolate na França. Os produtos feitos com essa matéria-prima têm baixa acidez e uma cor mais clara, que remete ao tom caramelo.