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Paulo Guedes: A esperança da retomada econômica passa pela vacina

A favor de ampla e facultativa imunização, Guedes diz que quem não tomar injeção deve ter circulação restrita; ministro evita prometer, mas vê recuperação

Por Victor Irajá, Larissa Quintino Atualizado em 18 dez 2020, 21h47 - Publicado em 18 dez 2020, 13h02

Em tom professoral, o ministro da Economia, Paulo Guedes, imbuiu-se de uma tradicional prática de fim de ano, aquela em que a população se dedica às expectativas e promessas para os próximos 365 dias. O ano de 2020, Guedes sabe, foi duro. E 2021 se aproxima junto com a enorme vontade dos brasileiros de que a pandemia seja um triste episódio da história, conforme antecipou avaliação em entrevista exclusiva a VEJA. O ministro da Economia também sabe que a tão sonhado recuperação passa pela cura das contas públicas — que se deterioram em consequência do combate ao vírus. E isso deve acontecer ajudada pelas vacinas. O consumo e os investimentos no país, segundo ele, virão com a imunização em massa da população. “Só será possível à medida em que tenhamos o retorno seguro ao trabalho, que exige a vacinação em massa da população brasileira”, discorreu Guedes, num evento de balanço do ano e de perspectivas para 2021. 

Se ele próprio vai tomar ou não, é problema dele, diz o ministro. “Há coisas que são direitos meus pessoais, tipo querer ou não a vacina. Faz todo sentido existir, para ter retorno seguro ao trabalho. E você pessoa física? Eu continuo trabalhando o tempo todo. Meu retorno seguro não existe. Conheço muita gente que pegou”, ponderou ele. “Eu exerço cargo publico. Como liberal, tenho direito a minha privacidade. Tenho 71 anos, tenho que me cuidar. Até agora não fui atingido”, disse o ministro. 

Apesar de dizer-se contra a obrigatoriedade da vacina, ponderou ser favorável ao chamado “passaporte de imunidade” — fórmula encontrada para estimular, exatamente, a imunização de forma praticamente obrigatória, para a proteção da sociedade como um todo. “Tem de ter vacina para todo mundo, gratuita e acessível. Se não quiser tomar, ele tem o direito. Mas ele tem que ter uma circulação restrita. Gosto da ideia do ‘passaporte’ de imunização, para as pessoas entrarem”, diz ele. Em seus desejos para 2021, voltou a se mostrar um entusiasta da vacina: “Saúde para todos, vacina para todo mundo, uma retomada segura ao trabalho para que o Brasil possa se tornar a maior fronteira de investimentos do mundo”. 

 

Acusado de se comprometer com projetos de reestruturação da economia que não avançaram, o ministro rebateu as críticas. Ele repetiu que o governo precisou reorganizar a agenda econômica do país à chegada da Covid-19 no país. Também disse que a análise quanto a uma segunda onda de contágios estar em curso depende de mais tempo de análise. Aparentemente cansado de um ano repleto de trabalho, receios e desafios, o ministro fez mais uma promessa: não prometer, mas esperar. “Pato novo mergulha fundo”, começou ele. “Não entregamos o que gostaríamos, mas existe o reconhecimento do nosso trabalho”, admitiu, para entoar as vitórias do governo durante o fatídico ano de 2020. “Eu, toda vez que fiz uma promessa, foi com base em alguma conversa política. Estimulado, não conhecia a política direito, vi que a política é complicada, não há acordo. Demora seis meses e eu é que respondo”, disse ele. 

Sem entrar em detalhes, Guedes afirmou existir um acordo no Congresso Nacional para que as pautas governistas não fossem apreciadas por deputados, mas mostrou estar esperançoso com o andamento da agenda de privatizações no ano que vem, apesar de tergiversar sobre a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara e de como se dará o andamento da agenda de reformas. Ele discorreu sobre as alianças políticas do governo com partidos de centro-direita, afirmou que a política dá a tônica das discussões e que o alinhamento com os partidos se dá de forma orgânica. Guedes anunciou o andamento das negociações pela venda da Eletrobras e declarou que, além da empresa, Correios, PPSA e o Porto de Santos devem ser privatizados em 2021. 

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Principal mote de divergências do ministro com outras alas do governo durante o ano, o teto de gastos foi defendido por Guedes durante a extensa fala. “O teto é simplesmente uma denúncia da nossa incapacidade de controlar os gastos. É uma proteção para que não voltemos à hiperinflação. Não havia teto com a Dilma. E foi muito bom né? Queda do PIB, 1,3 milhão de empregos destruídos em 2015, mais 1,4 milhão destruídos em 2016. Era bom, né? Quer voltar para esse tempo?”, provocou. “Para se ter responsabilidade social é preciso ter responsabilidade fiscal.”

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