Analistas do mercado financeiro continuam a melhorar a projeção da economia brasileira pra o ano. A previsão continua de uma recessão histórica, devido a crise do novo coronavírus, mas a estimativa melhora a cada semana. Segundo dados compilados pelo Boletim Focus, do Banco Central, e divulgados nesta segunda-feira, 31, a expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) recue 5,28% neste ano. Na semana passada, a projeção era de uma queda de 5,46%. Esta é a a nona semana consecutiva na melhora dos patamares do PIB para 2020 que de fevereiro até junho engatou dezoito semanas consecutivas de quedas. O processo de retomada das atividades econômicas, que culminou na melhora de alguns indicadores como indústria, comércio e serviços ajudam a arrefecer o pessimismo. Com isso, a visão que a fase mais aguda da crise ficou para trás continua forte.
Após as estimativas para o PIB ficarem estáveis em junho, as previsões semanais do Focus em julho e agosto apontam para uma retomada. Os dados do Focus não indicam uma recuperação em “V”, jargão econômico para mostrar uma volta rápida, mas é indicativo de recuperação da economia, mesmo que lenta. Isso ocorre porque a queda da atividade econômica no segundo trimestre, especialmente em abril, deve levar o PIB a um choque histórico Nesta terça-feira, 1º, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga qual foi o patamar esse tombo. O período concentra o pior momento da crise para a economia do país — reflexos das necessárias medidas de distanciamento social com o fechamento de atividades não essenciais para conter a proliferação do vírus. A estimativa é que o tombo esteja na casa dos 10%. O IBC-Br, do Banco Central, que mede a atividade econômica, mostrou um tombo de 10,94% no período. O PIB, tem metodologia diferente e é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Com isso, a recessão é significativa e atinge o país no ano em que se esperava uma reação da economia, que dava sinais de recuperação da crise vivida entre 2015 e 2016. No início do ano, a expectativa do mercado financeiro era de que a economia brasileira crescesse 2,3%, acima dos desempenhos de 2017 e 2018 (+1,3%) e 2019 (1,1%).
A recomposição de renda trazida pelo auxílio emergencial a trabalhadores informais, que paga cinco parcelas de 600 reais a vulneráveis mais afetados pela crise, é um dos colchões que seguraram a economia brasileira durante a fase mais aguda da crise e tem ajudado a segurar o consumo, melhorando as projeções da economia. Tanto que há expectativa no anúncio dos parâmetros para manutenção do benefício até dezembro. Sinalizações sobre o programa Renda Brasil, que irá substituir o auxílio, também são esperadas. Na semana passada, o governo suspendeu a divulgação pela discordância do presidente Jair Bolsonaro à proposta do ministro Paulo Guedes, que propôs uma unificação de alguns benefícios sociais para custear o programa, o que não foi muito bem recebido pelo chefe do executivo. A expectativa do mercado, para projetar o crescimento da economia para os próximos anos, é ver se os gastos públicos serão priorizados ou haverá um sinal claro de retomada da agenda reformista. Atualmente, a previsão do PIB do Brasil para 2021 e 2022 continua estável em 3,50% e 2,5%.
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Clique e AssineInflação e Selic
Além do PIB, o Focus traz outros importantes indicadores da economia brasileira. Um deles é o IPCA. A inflação, importante termômetro sobre o aquecimento do consumo, voltou a subir assim como a projeção do PIB. Segundo o boletim, o indicador deve encerrar 2020 com inflação de 1,78%, maior que a projeção da semana passada, de 1,71%. O valor está abaixo da meta definida pelo governo, de 4% neste ano, e também abaixo da tolerância da meta, que varia entre 2,50% e 5,50%. Apesar da inflação estar bem controlada e abaixo da meta do governo, vale acompanhar a pressão do indicador na retomada da economia brasileira. Para 2021, o valor foi revisto de 3,02% para 3% e para 2022 mantido em 3,50%.
A pesquisa mostrou também que a expectativa do mercado brasileiro sobre a taxa Selic se mantém igual à da semana anterior: em 2% para este ano, taxa atual. Apesar da preocupação com o risco fiscal, o Copom (Comitê de Política Monetária) deixou a porta aberta para novos cortes, porém o mercado financeiro ainda não aposta em mais ajustes da Selic neste ano. Entretanto, para 2021, a projeção que estava em 3% foi aumentada para 2,88%, Já o câmbio, que reflete as incertezas do Brasil e acaba sendo prejudicado pela baixa Selic, continua alto. A perspectiva do Focus é que o dólar fique em 5,20 no final de 2020. Para o final de 2021, a perspectiva permanece em 5 reais.