A Polícia Federal deflagrou na manhã desta segunda-feira uma nova fase da Operação Carne Fraca que tem como alvo um esquema de fraudes descoberto na BRF. O ex-presidente da companhia Pedro de Andrade Faria é um dos dez presos pelos agentes. A empresa brasileira é uma das maiores do mundo no ramo de proteína animal e vende para 150 países.
A ação da PF tem o nome de Operação Trapaça. Desde o início da manhã são cumpridos 91 mandados decretados pela Justiça Federal, do Paraná. Como resultado, onze pessoas estão sob ordem de prisão temporária e 27 de condução coercitiva. Os policiais cumprem ainda 53 mandados de busca e apreensão em unidades da BRF — dona da Sadia e da Perdigão.
A terceira fase da Carne Fraca — deflagrada pela primeira vez em março de 2017 — tem como alvo o esquema de fraudes contra o Ministério da Agricultura supostamente praticadas por empresas do grupo BRF.
Segundo a PF, os investigados podem responder por falsidade documental, estelionato qualificado e formação de quadrilha ou bando, além de crimes contra a saúde pública.
A operação é o primeiro desdobramento da Carne Fraca em 2018. As apurações decorrem das descobertas das investigações da PF da primeira e da segunda fase que tinham dezenas de frigoríficos como alvos, entre eles unidades da BRF e da JBS — outra gigante do setor, dona da Friboi.
Nas primeiras fases, deflagradas em 2017, foi descoberto esquema de corrupção que envolvia fiscais do Ministério da Agricultura no Paraná e em outros estados — as sentenças desses casos devem sair ainda esse ano. As ações das duas empresas reagiram à deflagração da primeira etapa da Carne Fraca e encerraram o pregão naquele dia em forte queda — os papéis da JBS caíram 10,59%, e os da BRF, 7,25%.
Outro lado
A BRF divulgou, nesta tarde de segunda-feira, 5, comunicado sobre a Operação Trapaça, deflagrada nesta segunda pela Polícia Federal, como desdobramento da Carne Fraca. A empresa diz que está “se inteirando dos detalhes” e colaborando com investigações para esclarecer os fatos.
“A companhia segue as normas e regulamentos brasileiros e internacionais referentes à produção e comercialização de seus produtos”, disse. Por fim, a BRF afirmou que permanece “inteiramente à disposição das autoridades, mantendo total transparência na interlocução com seus clientes, consumidores, acionistas e o mercado em geral”.
(Com Estadão Conteúdo)