O Produto Interno Bruto (PIB) da indústria recuou 1,1% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Dentro desse setor, a construção civil está em queda há vinte trimestres consecutivos, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quinta-feira, 30. A retração é de 2,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. O setor está no vermelho desde o segundo trimestre de 2014.
Segundo Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do Sindicato das Indústrias de Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), a construção civil é o setor que mais sente a desaceleração da economia, pois depende de investimentos de todos os lados para se desenvolver, seja das famílias, do governo, de outras indústrias e de investimento externo. “Com a piora da situação da economia, o dinheiro na construção foi ficando mais escasso e, consequentemente, há toda essa retração”, afirmou.
A construção civil é considerada um importante setor para a economia brasileira, porque ela gera muitos empregos e impulsiona a renda de uma classe significativa de famílias brasileiras, gerando impacto positivo em outros setores, como consumo e investimentos.
Para que o setor reaja, é necessária que a agenda de reformas seja aprovada: tanto a da Previdência, para arrumar a questão fiscal do país e trazer poder de investimento, como a tributária, para simplificar os impostos, segundo Zaidan. O economista, porém, afirma que a retomada do setor tende a ser lenta, com índices negativos ainda neste ano. “Qualquer obra feita em casa, o IBGE considera como PIB na economia. Mas, para o setor da indústria, que produz e gera emprego, a perspectiva é que não haja avanço neste ano.”
Efeito Brumadinho
A queda de 1,1% no Produto Interno Bruto da indústria do primeiro trimestre de 2019 ante o mesmo período de 2018 foi puxada também pelo setor extrativo. O rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho (MG), em janeiro deste ano, puxou a queda em 3% no período. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a queda foi de 6,3%.
Dos quatro setores que compõe o indicador industrial, apenas eletricidade e gás, água, esgoto teve resultado positivo, tanto em relação ao período imediatamente anterior (+1,4%) como ao mesmo trimestre do ano passado (+4,7%). A indústria de transformação apresentou queda de 0,5% em relação ao 4º trimestre de 2018 e 1,7% contra o 1º trimestre de 2018.