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Pilotos receberam WhatsApp com oferta da Azul, diz presidente da Passaredo

Filho do fundador da companhia, José Luiz Felício Filho afirma que concorrente quer contratar profissional sem experiência em jatos para já começar a voar

Por Larissa Quintino Atualizado em 4 jun 2024, 15h57 - Publicado em 27 ago 2019, 17h51
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  • O presidente da Passaredo, José Luiz Felício Filho, disse que, na última semana, passou a ser procurado por pilotos de sua empresa que vinham mostrar conversas de WhatsApp com ofertas de emprego da Azul, em uma ação que ele classifica como boicote a nova operação da companhia, que passará a voar no Aeroporto de Congonhas (SP) e que acabou de adquirir a aérea amazonense MAP.

    A empresa entrou com uma ação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), afirmando que a Azul pratica concorrência desleal e que comete infração à ordem econômica. Apesar de reconhecer que a procura por profissionais de uma empresa por outra é algo que acontece no mercado, ele questiona o timming da ofensiva, que aconteceu justamente após a compra do controle acionário da MAP, que também possui autorização para operar em Congonhas.

    “Eles estavam discutindo sobre protecionismo, e agora agem para restringir uma quarta empresa no mercado”, afirmou, ao se referir ao episódio de disputa de ativos da Avianca, em recuperação judicial, entre Azul, Latam e Gol. Sem citar nominalmente a Azul, o presidente afirma que o mercado regional é monopolizado e que a Passaredo quer se inserir nesse nicho, sendo uma nova opção. Confira abaixo a entrevista com José Luiz Felício Filho feita por VEJA.

    A Passaredo acusa a Azul de assediar o corpo técnico da empresa. O que está acontecendo? Eu tenho uma relação muito próxima com o corpo técnico da empresa. Iniciei minha história aqui como tripulante, sou o comandante mais antigo da empresa. Os próprios pilotos me comunicaram a ação da Azul. Nós sabemos que faz parte do processo de ser uma companhia regional que forma profissionais. Tanto que já houveram muitas contratações de pilotos que começaram aqui, tanto pela própria Azul como de outras empresas. Faz parte do mercado. Porém, de uma semana para cá, desde que a Passaredo anunciou a aquisição do controle acionário da MAP, a procura da Azul pelos nossos profissionais se intensificou, a ponto deles virem falar comigo, até mesmo repudiando essa atitude. Esse assédio tem como objetivo comprometer nossas operações em Congonhas. Nossos pilotos estão sendo procurados por WhatsApp e por emails pessoais, com ofertas de passarem a voar em aviões maiores, em jatos, de forma imediata. Há o nome e o telefone da pessoa responsável pelo departamento de RH da Azul. É esquisito que, com mão de obra no mercado, de pilotos que saíram da Avianca e operavam jatos, eles queiram contratar profissional que não tem experiência nesse tipo de equipamento para já começar a voar. 

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    A Passaredo disse em comunicado que entrou com ação no Cade contra a Azul. A companhia pretende levar a questão a outras instâncias? Nosso corpo jurídico está cuidando do assunto. Acionou o Cade e também já está se articulando para entrar com uma ação na Justiça. Essa tentativa de boicotar nosso lado operacional não terá sucesso. Estamos tomando as providências e temos um corpo técnico muito comprometido com a empresa e com esse novo momento que estamos passando. 

    Ao todo, qual a tripulação da Passaredo? Temos um total de 110 pilotos entre contratados e contratações em curso. De comissários, há a mesma quantidade. Pretendemos elevar essas contratações em 30% para a nossa operação no aeroporto de Congonhas. Do nosso quadro atual, podemos dizer que 80% foram procurados pela Azul para ir para lá e operar jatos. 

    Durante o processo de recuperação judicial da Avianca, a Azul acusou as concorrentes Latam e Gol de protecionismo por causa da questão da ponte aérea. Como o senhor vê o posicionamento da companhia agora? Eles estavam discutindo sobre protecionismo, e agora agem para restringir uma quarta empresa. Antes agiram querendo excluir tanto a Passaredo como a MAP do processo de distribuição dos slots da Avianca em Congonhas, alegando condições de performance dos nossos aviões. É preciso que mais empresas operem no mercado nacional. Nós temos uma operação pequena, chegaremos a 37 cidades, mas estamos criando uma malha regional, que é importante. Questionar o que eles questionaram com as outras empresas, sair da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e assediar nossos pilotos é uma posição deles, que eu não posso comentar. O que posso dizer é que nós queremos nos fortalecer no cenário da aviação brasileira. 

    A Passaredo irá começar a operar em Congonhas quando? Qual é a rota inaugural? Nós começaremos a voar em 27 de outubro. Não sabemos ainda qual será o primeiro voo, porque estamos finalizando a malha. Nosso objetivo está no interior de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná. Esses destinos não são atendidos com voos para Congonhas, que é o principal aeroporto de negócios na América Latina. Há demanda para a capital paulista e não para Guarulhos e Campinas, que são as opções operadas hoje. É nisso que estamos trabalhando. 

    Com a aquisição do controle acionário da MAP pela Passaredo, as duas empresas irão virar uma só ou manterão operações independentes? Em um primeiro momento, as empresas continuarão a operar de forma separada. A MAP desenvolveu e desbravou a aviação no Norte do país. Vamos começar a pensar em uma integração a partir do ano que vem. No momento, continuamos a operação em processo de sinergia entre as duas companhias. 

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    Como o senhor enxerga o momento da Passaredo? A companhia inicia um novo ciclo. Não estamos ressurgindo, porque a empresa opera há 24 anos, mas estamos ampliando a capacidade técnica e operacional. Passamos por um momento difícil, com recuperação judicial e reestruturação nos focos de operação. Queremos nos posicionar como uma grande empresa regional-nacional, onde há uma falta grande de infraestrutura. Nós temos um concorrente que opera destinos de forma monopolista e com preços abusivos. Precisamos olhar todo o mercado de aviação e não apenas a ponte aérea.

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