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Por que a empresa da família Maluf disparou 600% em três dias na bolsa

Rumores de venda da Eucatex impactaram a empresa nos últimos dias — mas a história que explica a valorização é outra

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h51 - Publicado em 19 dez 2019, 18h42

Um mistério acometeu os investidores da Bolsa de Valores de São Paulo nesta semana. Nas últimas três sessões, entre terça-feira, 17, e a quinta-feira, 19, as ações da Eucatex, empresa da família do ex-governador Paulo Maluf (PP-SP) valorizaram 607%, passando da casa dos 30 reais para mais de 117 reais por ação. No acumulado do ano, o crescimento ultrapassa 700%. O volume de negócios envolvendo os papéis também explodiu: passou de uma média diária inferior a 1 minhão de reais, para mais de 9 milhões de reais nesta semana.

A disparada assustou os investidores e chamou a atenção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No começo de dezembro, a empresa respondeu a um questionamento do “xerife do mercado” sobre a valorização atípica de volume e de ações no final de novembro. A empresa informou que desconhecia os motivos e as razões que levaram o mercado a aumentar o volume de negócios envolvendo as ações.

A companhia é uma das joias da coroa da família Maluf. Os filhos do ex-governador comandam a empresa e mantém 59,8% das ações preferenciais — com direito a voto no conselho. A empresa é uma dos maiores produtores de pisos, divisórias, portas, chapas, tintas e vernizes do Brasil, tem mais de dois mil funcionários e exporta para mais de 40 países. Presidida por Flávio Maluf, a companhia virou alvo de um burburinho no mercado de que a valorização significaria negociações para uma possível venda da companhia. Mas não é bem assim.

VEJA apurou com fontes dentro da empresa que a valorização se deu pela compra de uma fábrica da Duratex, empresa que produz madeira, louças e metais sanitários mantida pelo Itaú, em Botucatu, no interior de São Paulo. A compra da indústria foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade. De acordo com essas fontes, não há negociações pela venda da empresa. De acordo com um alto executivo da companhia, o bom humor dos acionistas voltou com os bons resultados que a companhia está conquistando neste último trimestre de 2019. No acumulado de nove meses, a empresa teve um faturamento de 1,1 bilhão de reais. No período, a alta nos lucros da empresa foi de 522,2%% em relação ao ano anterior, alcançando 56,5 milhões de reais — desses, 15,6 milhões de reais entre julho e setembro.

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Em nota, a CVM afirmou que “acompanha e analisa informações envolvendo companhias abertas, tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário, mas que não comenta casos específicos”. Já a Eucatex disse não conhecer os motivos da valorização da empresa. “A diretoria da Eucatex informa que desconhece eventuais motivos que não os resultados apresentados pela empresa, relativos ao terceiro trimestre de 2019, já devidamente divulgados ao mercado. Não houve publicação de fatos relevantes no período. Ressalta, ainda, que o grupo de controle da companhia não está vendendo ou comprando ações, de qualquer classe, neste momento”, escreveu a companhia.

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