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Por que as economias dos EUA e Europa reagem de forma diferente

PMI, que mede a temperatura dos setores nos países, mostra desconexão; EUA comemoram alívio pós-eleições e Zona do Euro tem queda dos serviços por Covid

Por Luisa Purchio Atualizado em 26 nov 2020, 04h04 - Publicado em 23 nov 2020, 13h11

A reação das economias dos Estados Unidos e da Zona do Euro à crise da Covid-19, que tem aceleração de novos casos em ambos os territórios, tem sido diferente. É o que indicam os dados da consultoria IHS Markit divulgados nessa segunda-feira, 23. Enquanto os EUA comemoram alta em todos os índices de indústria, negócios e serviços para os maiores patamares em mais de cinco anos, a Europa enfrenta desaceleração e retração principalmente na área de serviços.

O otimismo nos EUA se deve principalmente às eleições, que cessaram os meses de tensão e instabilidade que antecederam o pleito, decorrentes das disputas entre o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden. Além disso, os avanços nas pesquisas sobre a vacina ao novo coronavírus impulsionaram os novos pedidos e contratações. “A recuperação refletiu um maior fortalecimento da demanda, que por sua vez encorajou as empresas a contratar funcionários a uma taxa não vista anteriormente desde o início da pesquisa, em 2009”, diz Chris Williamson, economista-chefe de negócios da IHS Markit.

O Índice de Saída PMI Flash Composto dos EUA em outubro ficou em 57,9, ante 56,3 em outubro. A partir de 50, há indicativo de aquecimento. O indicador de serviços subiu de 56,9 para 57,7 e o Índice PMI Flash de Saída de Manufatura foi de 58,7, ante 53,5. Todos eles representam o maior índice dos últimos 68 meses. Já o índice PMI Flash de Manufatura foi o mais alto dos últimos 74 meses, de 56,7, ante 53,4 em outubro.

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Apesar das boas notícias, houve forte pressão nos preços dos insumos, dos salários e dos preços devido à alta da demanda e das contratações, além da escassez de suprimentos. “As empresas estão lutando por insumos e trabalhadores para atender o recente crescimento da demanda e para atender o aumento nas cargas de trabalho futuras”, diz ele. A expectativa para o próximo ano, por sua vez, são as mais positivas em mais de seis anos, com expectativa de retorno “às condições de negócios mais normais em um futuro não muito distante”.

Europa

Na Zona do Euro, porém, os avanços do coronavírus continuam prejudicando a economia da região e a expectativa dos analistas é que a retração só cessará com o fim dos isolamentos sociais e o surgimento da vacina. Em novembro a atividade industrial e de serviços na Zona do Euro caíram devido aos novos lockdowns decretados para conter o aumento de contaminados. O setor de serviços, no entanto, teve queda mais drástica, o que é esperado afinal é mais impactado pela Covid-19 por exigir contato físico entre funcionários e clientes.

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Tanto o Índice de Saída Composto Flash PMI, uma média entre a saída da indústria manufatureira e o setor de serviços, quanto o Índice PMI de Serviços da região ficaram no menor nível dos últimos seis meses e abaixo de 50, o que significa que ambos retraíram no período. Com exceção do que ocorreu no primeiro e no segundo trimestre do ano, a média do quarto trimestre do PMI composto já é a mais baixa desde 2012, quando houve crise de dívida, apontando que o PIB da região será impactado. A expectativa é de contração de 7,4% no PIB em 2020 e de 3,7% em 2021.

“A nova desaceleração da economia sinalizada para o quarto trimestre representa um grande revés para a saúde da região e estende o período de recuperação”, diz Williamson no relatório. Apesar de os preços dos serviços caírem em uma tentativa de impulsionar suas vendas por meio de descontos, houve aumento nos preços de bens devido ao maior custo dos insumos.

Mesmo com a forte queda na área de serviços, o setor de manufaturados se mantém mais otimista. O Índice Flash de Produção PMI de Manufatura da Zona do Euro, calculado a partir da pergunta “o nível de produção e resultados em sua empresa é maior, igual ou inferior ao de um mês atrás?” ficou em 55,5 em novembro, ante 58,4 em outubro. Já o Índice Flash de Manufatura, uma composição entre novos pedidos, saída, emprego, prazos de entrega dos fornecedores e estoque de materiais adquiridos, ficou em 53,6, ante 54,8, o mais baixo dos últimos três meses. Apesar da queda, o fato de os números se manterem acima do 50 traz leve otimismo porque indica crescimento nos setores.

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A pesquisa mostrou ainda divergências entre os países da Zona do Euro. Enquanto na França o Índice PMI Flash Composto caiu de 47,5 para 39,9, na Alemanha ele baixou apenas de 55 para 52, ficando acima de 50 e portanto mantendo expansão.

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