Por que os americanos apoiam o embargo à carne brasileira?
Produtores temem a concorrência do produto e consumidores desconfiam da qualidade
Na manhã desta sexta-feira o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, declarou que vai aos Estados Unidos tentar reverter a decisão que suspendeu a exportação da carne in natura do Brasil. Maggi também declarou que há uma imposição muito grande por parte dos produtores americanos para que não se permita a entrada de carne brasileira no país.
“Há que se entender que nós estamos exportando carne para o maior concorrente que nós temos em todo o mundo, há pressão desde a época da liberação para que haja embargo”, disse o ministro.
A aversão pelo produto brasileiro tem explicação, de acordo com o professor de MBA em Agronegócios da FGV, Felippe Serigati. “Somos um player importante no mercado de carnes, os produtores não querem muita concorrência. Temos muita musculatura nesse setor”.
Para o especialista, os consumidores dos Estados Unidos também não estão muito abertos à carne brasileira. “Como é normal para uma economia desenvolvida, eles são mais exigentes com o alimento ofertado. Há uma preocupação com o produto brasileiro e estão associando a nossa carne à imagem de um produto de baixa qualidade, de segunda linha – essa pode ser a consequência mais negativa de todos os problemas”.
Ainda assim, Serigati declarou que não há nenhum outro país que possa substituir o Brasil na exportação da carne bovina. “A produção deles é bem menor que a nossa, não há comparação. Mas falhas como essa fazem com que todo o esforço para alcançar mercados mais sofisticados se acabem”.
“Estamos trabalhando há meses para colocar a carne in natura nesse mercado, foi um processo longo como levar uma pedra no alto de uma montanha. Em agosto conseguimos colocar a pedra no alto da montanha mas infelizmente caiu. Agora não tem o que fazer, é arregaçar as mangas. Corremos o risco de alguns mercados se fecharem, a União Europeia pode falar ‘Se os Estados Unidos não querem aceitar a carne porque vamos aceitar?'”
O ministro da Agricultura afirmou também que o momento é de dificuldade. “Esse era um canal muito importante para a manutenção dos preços aqui no Brasil. Vamos atuar firmemente essa semana, como já vínhamos fazendo para tentar reabilitar o mercado. Assim como comemoramos quando fomos liberados, lamentamos agora que fomos suspensos”.