A acusação da Ucrânia que soldados russos assassinaram civis desarmados em meio a guerra entre os dois países deve resultar em mais sanções econômicas ao país comandado por Vladimir Putin. Após tropas russas deixarem a cidade de Bucha, que recebeu alguns dos combates mais violentos do conflito entre os dois países e que se localiza próxima da capital Kiev, oficiais ucranianos, incluindo o prefeito da cidade, relataram que centenas de corpos teriam sido enterrados em vala comum.
Como reação a essas recentes evidências de crimes de guerra, a União Europeia anunciou estar trabalhando em novas sanções contra a Rússia. O representante da UE para Relações Internacionais, Josep Borrell, afirmou que a imposição de mais sanções pelo bloco europeu será tratada como “uma questão urgente”. Contudo, é incerto se as promessas de fato se provarão um ponto de virada no enfrentamento à Rússia. Segundo o presidente francês Emmanuel Macron, que é favorável a uma maior retaliação econômica, sanções europeias serão discutidas ao longo dos próximos dias.
Até então, a União Europeia tem feito um papel junto a seus Estados-membros de fortalecimento de medidas já existentes. Mas, à luz dos novos acontecimentos, alguns governos têm argumentado que são necessárias imposições mais duras, incluindo sobre o setor de energia. Fazer avançar essas medidas será uma tarefa desafiadora, tendo em vista a dependência de certos países do gás russo, além da necessidade de unanimidade entre os membros da UE para que sanções sejam impostas.
A Alemanha, um dos países mais energeticamente dependentes da Rússia, é também um dos mais resistentes a sanções dessa natureza. “É preciso considerar sanções rígidas, mas em curto prazo o gás russo não é substituível”, disse Christian Lindner, ministro das Finanças alemão. Por outro lado, a ministra da Defesa da Alemanha, Christine Lambrecht, afirmou que a União Europeia deve discutir um banimento da importação de gás natural russo. A afirmação é mais um indício de que o clima no país estaria mudando para um apoio maior a medidas mais fortes.
Em Berlim, o chanceler Olaf Scholz já havia dito a repórteres que os aliados estaria concordando na “ampliação de medidas” contra a Rússia, que seriam divulgadas nos próximos dias. No entanto, não está claro se isso envolverá sanções a setor energético.