Uma das características da atual pressão inflacionária brasileira é que ela é disseminada pela economia e está em todos os lugares. Então, os fãs de futebol devem estar preparados, porque os preços da tradicional coleção de figurinhas da Copa do Mundo não serão nada amigáveis, e a correção desde a ultima edição está bem acima da inflação. Segundo a Panini, responsável pela comercialização do álbum, o valor do pacote de figurinhas este ano é de 4 reais, 100% maior do que na última competição, quando o valor foi de 2 reais. A correção no preço é mais de três vezes o IPCA acumulada no período, de 30,40%, o que dá um gostinho de Catar para a coleção — um dos países mais caros e mais ricos do mundo.
O índice de 30,40% é o acumulado da inflação entre abril de 2018 (quando a coleção da Copa da Rússia começou a ser vendida) e junho deste ano. O álbum subiu mais que a inflação. Na Copa passada, era vendido a 7,90 na banca, já para a edição de 2022 custa 12 reais e já está em pré-venda no site da empresa. O álbum será lançado oficialmente em 15 de agosto.
Com tudo isso, fazer a coleção não será das coisas mais baratas este ano. Na melhor das hipóteses, se em 2018 um sortudo conseguisse comprar todas as 682 figurinhas – sem nenhuma repetida, ele gastaria 272,80. Este ano, o valor vai para 536 reais para 670 figurinhas, numa variação de 91,56%.
Inflação
Figurinhas à parte, a alta da inflação é um dos grandes desafios da economia brasileira. Se no ano da última Copa do Mundo a preocupação do governo de Michel Temer era não deixar a inflação abaixo do piso da meta devido a lentidão da atividade econômica, em 2022, o cenário é tentar evitar um estouro maior do teto da meta, já que os preços estão pressionados nas cadeias globais. devido a choques como a pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia, e o cenário doméstico contribui ainda mais sobre a pressão dos preços.
A perspectiva do mercado financeiro é que IPCA encerre 2022 em 7,54%, acima dos 5%, o limite da meta. No ano passado, a inflação foi de 10,01%, primeira vez acima dos dois dígitos desde 2015.