Produção industrial sobe pelo sexto mês e está 1,4% acima do pré-pandemia
Em outubro, setor avançou 1,1% em relação ao mês anterior, com forte alta nos bens de capital e bens duráveis; no acumulado do ano há queda de 6,3%
A volta das atividades econômicas continua a trazer bons ventos vindos da indústria brasileira. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 2, a produção industrial registrou alta de 1,1% em outubro, o sexto mês consecutivo de alta. Com o resultado, o acumulado do setor em seis meses é de 39%. Isso significa que a produção já tem patamares acima do período pré-pandemia: 1,4% maior que em fevereiro.
Mesmo com a recuperação, no ano, encontra-se em queda de 6,3%. Isso ocorre pelo grande choque causado entre março em abril, período de maior choque econômico e também do nível da indústria estar desacelerado nos últimos anos. Segundo o IBGE, na comparação com o nível recorde de produção, alcançado em maio de 2011, a indústria ainda se encontra 14,9% abaixo do pico.
Duas das quatro grandes categorias econômicas apresentaram crescimento, com destaque para Bens de Capital, que envolve a produção de maquinário para outras indústrias. A categoria cresceu 7% no mês. Bens de consumo duráveis, da produção de não perecíveis como automóveis, móveis e eletrodoméstico, avançaram 1,4%. Ambas marcaram o sexto mês seguido de expansão na produção, com acumulados de 111,5% e 506,7%, respectivamente. Já Bens intermediários (-0,2%) e Bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%) tiveram resultados negativos, interrompendo cinco meses consecutivos de crescimento na produção, com ganhos acumulados de 26,6% e 30,4%, respectivamente.
Na avaliação de André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal, o crescimento de outubro refletiu um comportamento diferente dos últimos meses, quando os avanços eram disseminados entre os ramos. Desta vez, 15 dos 26 ramos pesquisados mostraram alta na produção, contra 22 das 26 de setembro. Para o economista, o efeito da pandemia foi evidente no setor, principalmente nos meses de março e abril, com medidas de distanciamento social mais rigorosas e, por isso, mesmo com os recordes e a volta da produção ao nível pré-pandemia, no ano, o resultado continua negativo.
Entre as atividades, a influência mais relevante na passagem de setembro para outubro foi de veículos automotores, reboques e carrocerias, com alta de 4,7%. Muito prejudicado nos meses críticos da pandemia, o ramo acumulou expansão de 1.075,8% nos últimos seis meses, mas ainda assim se encontra 9,1% abaixo do patamar de fevereiro. “As perdas foram muito acentuadas em março e abril”, ressalta Macedo.
Outros ramos com influência positiva no resultado do mês na indústria foram Metalurgia (3,1%), Produtos farmoquímicos e farmacêuticos (4,5%), Máquinas e equipamentos (2,2%), Produtos de metal (2,8%), Couro, artigos para viagem e calçados (5,7%), Produtos de minerais não metálicos (2,3%), Confecção de artigos do vestuário e acessórios (5,0%) e Produtos de borracha e de material plástico (2,1%).
Dentre as onze atividades que tiveram queda, os principais impactos negativos foram Produtos alimentícios (-2,8%), que vinha de três meses de altas seguidas com acumulado de 4,3%). Também contribuíram negativamente o setor de Indústrias extrativas (-2,4%), segundo mês de queda seguido, acumulando perda de 7,0%. Outros recuos relevantes: Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,2%), Produtos do fumo (-18,7%) e Outros produtos químicos (-2,3%).
Na comparação com outubro de 2019, o setor industrial mostrou avanço de 0,3%, com resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 16 dos 26 ramos, 45 dos 79 grupos e 50,8% dos 805 produtos pesquisados, mesmo com outubro de 2020 tendo dois dias úteis a menos do que outubro do ano anterior.