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Queda no número de voos faz Latam pedir recuperação judicial nos EUA

Unidade brasileira fica de fora do processo de reestruturação e negociação com credores e conversa com com governo local; aérea diz que honrará bilhetes

Por Larissa Quintino Atualizado em 26 Maio 2020, 09h21 - Publicado em 26 Maio 2020, 08h56

A crise provocada pelo coronavírus na economia mundial atingiu logo de cara o setor aéreo, devido a quedas nas demandas dos voos e restrições para operar. Devido à queda brutal na operação, a Latam, companhia oriunda da fusão entre a brasileira Tam e a chilena Lan, entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos na madrugada desta terça-feira, 26. Em comunicado, a empresa atribui a decisão as dificuldades econômicas, já que, atualmente, opera cerca de 5% da sua malha habitual. Antes da crise, a média de voos era de 1.400 por dia, com operação em 26 países.

O pedido do chamado capítulo 11 da Lei de Falências nos EUA, equivalente à recuperação judicial da legislação brasileira, inclui as empresas do grupo que operam nos EUA, Chile, Peru, Colômbia e Equador As subsidiárias que atuam em Brasil, Argentina e Paraguai ficaram de fora. No comunicado, a empresa afirma que ainda negocia ajuda com o governo brasileiro para continuar a operação. Na semana passada, a Latam foi incluída no programa de ajuda do governo as áreas, no valor de 6 bilhões de reais (divididos entre a companhia e as concorrentes Gol e Azul), financiado pelo BNDES. A empresa, entretanto, não descarta pedir recuperação judicial no Brasil. Os executivos também negociam o dispositivo com o governo chileno.

Em nota, a companhia informou que o processo de reestruturação permitirá um trabalho “com os credores do grupo e outras partes interessadas para reduzir sua dívida, acessar novas fontes de financiamento e continuar operando, enquanto adapta seus negócios a essa nova realidade”. A recuperação judicial é um mecanismo que serve para evitar que uma empresa em dificuldade feche as portas em definitivo. A latam informa que  obteve aval de dois de seus principais acionistas, a família Cueto e a Qatar Airways, para um empréstimo de até 900 milhões de dólares. 

No comunicado, a Latam informou que as passagens atuais e futuras, vouchers de viagens, pontos e benefícios do programa de fidelidade serão respeitados e cumpridos. Segundo a empresa, os funcionários do grupo continuarão a receber salários e benefícios e as agências de viagens também não terão interrupção do serviço. “Fornecedores serão pagos em tempo hábil pelos bens e serviços entregues a partir de 26 de maio de 2020 e ao longo desse processo”.

Setor em crise

A Latam é a segunda companhia aérea da América Latina a buscar abrigo na legislação americana de falências, depois da Avianca Holdings.  A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) prevê uma longa recuperação do setor após a crise provocada pela pandemia. Segundo a entidade, o setor aéreo global será, em 2025, 10% menor do que era no ano passado.  A associação, que reúne 300 empresas aéreas no mundo,projeta que as companhias aéreas globais perderão R$ 314 bilhões em receita devido à pandemia de coronavírus em 2020.

Nesta segunda-feira, a Alemanha aprovou uma ajuda de 9 bilhões de euros para socorrer a Lufthansa. Outras companhias aéreas, incluindo o grupo franco-holandês Air France-KLM, as norte-americanas American Airlines, United Airlines e Delta Air Lines, além das brasileiras Gol e Azul,  também têm buscado auxílio estatal.

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