O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta-feira, 3, que, caso o Congresso Nacional aprove uma reforma da Previdência que economize menos de 1 trilhão de reais em dez anos, o governo não vai encaminhar o projeto para regulamentar o sistema de capitalização, que está previsto no texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
O sistema de capitalização previsto valeria apenas para trabalhadores que ainda não entraram no mercado de trabalho. Essas pessoas contribuiriam para uma espécie de poupança que financiaria seus próprios benefícios. O sistema atual é de repartição, em que quem está no mercado de trabalho financia o benefício de quem já está aposentado.
“Se nós não temos coragem de equacionar o problema desse avião que vai cair e preferimos que os nosso filhos e netos sofram do mesmo problema, eu não vou lançar a capitalização, não sou irresponsável”, disse Guedes, durante audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.
Guedes foi taxativo em dizer que o sistema da Previdência atual está condenado e que a potência fiscal da reforma é importante para que o país possa ter condição de investir em outras áreas.
Segundo o ministro, cabe agora ao Congresso negociar pontos, como idade mínima, tempo de aposentadoria, entre outros, mas salientou que, caso as regras afrouxem de um lado, precisarão apertar em outro para que se chegue à economia desejada.
Bate-boca
Ainda na abertura da fala do ministro, Guedes se envolveu em uma discussão com deputados da oposição. Enquanto falava, o ministro respondeu à deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) que perguntou, fora do microfone, sobre a necessidade da economia de 1 trilhão em dez anos.
Outros deputados começaram a perguntar fora do microfone e Guedes perdeu a paciência. “Fala mais alto que eu não estou ouvindo”, disse a parlamentares, enquanto a situação gritava “Chile” em alusão ao sistema previdenciário do país, que utiliza a capitalização.
Guedes caiu na provocação e respondeu. “O Chile tem 26 mil reais de renda per capita, quase o dobro do Brasil. Acho que a Venezuela está bem melhor.”