Reforma vira ‘palavra mágica’ e, se sair, investimento virá, diz Bolsonaro
Presidente afirma que é cobrado pela geração de empregos, mas pontua: 'quem emprega não sou eu'; ele também defende veto sobre gratuidade de bagagens
O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou hoje que “reforma” virou uma “palavra mágica” para os investidores. “(Em) todas as minhas andanças pelo mundo, parece que a palavra mágica passou a ser a reforma da Previdência. Tem muita gente querendo investir, gente de dentro do Brasil. Eu estive com os empresários há duas semanas em São Paulo, eles estão esperando isso”, disse. De acordo com o presidente, se a reforma da Previdência for aprovada, o país vai retomar a confiança. “E os investimentos virão. E atrás disso, vem emprego”, disse Bolsonaro.
O presidente afirmou ainda que é cobrado em relação à geração de empregos no Brasil, mas pontuou: “quem emprega não sou eu”. “Eu emprego quando crio cargo de comissão ou quando faço concurso, e o Paulo Guedes (ministro da Economia) decidiu que basicamente poucas áreas terão concurso, porque não tem como pagar mais”, afirmou Bolsonaro. “(Eu) até gostaria de uma área ou outra, abri uma exceção para a Polícia Federal e para a Polícia Rodoviária Federal. Fora isso, dificilmente teremos concurso no Brasil nos próximos poucos anos”, acrescentou.
Bolsonaro falou na manhã deste sábado a jornalistas, na saída da Coordenadoria de Saúde do Palácio do Planalto, em Brasília. Questionado sobre o motivo da visita ao prédio, ele afirmou que era de rotina. “Vou viajar terça-feira para o Japão, então vim dar uma olhadinha se não tem nada esquisito”, brincou. “A gente tem que sair 100%, deve dar 25 horas de voo. Fiz exame de sangue, daqui a pouco sai o resultado. No resto, tudo bem.”
O presidente afirmou ainda, ao abordar a viagem, que vários líderes mundiais querem reuniões bilaterais com o Brasil, por ocasião do encontro do G-20 no Japão. “E a gente se prepara para falar com qualquer um. Os possíveis assuntos, a gente busca sempre não ser surpreendido”, disse. “Nós estamos tentando, juntamente com o (presidente da Argentina, Mauricio) Macri, uma conversa com o (presidente dos EUA) Donald Trump sobre as questões da América do Sul”, comentou Bolsonaro. “A gente sabe da dificuldade que está a Argentina, que pode voltar para a (ex-presidente) Cristina Kirchner. É uma preocupação de todo mundo, que não quer uma nova Venezuela aqui no sul do Brasil”, acrescentou. Bolsonaro indicou, porém, que a reunião com Trump seria para tratar de agenda econômica, e não especificamente de questões eleitorais na América do Sul.
Bagagens em voos domésticos
Bolsonaro defendeu hoje o veto em relação à gratuidade das bagagens em voos domésticos, ocorrido nesta semana. O presidente sancionou a abertura de 100% do capital para as empresas aéreas estrangeiras, mas impediu a gratuidade nas bagagens. Ele afirmou que a função de presidente possui “ônus e bônus”. “Vou levar pancada de qualquer maneira, como a questão da bagagem acima de dez quilos”, disse Bolsonaro. “Tem que pagar. E alguns ficam revoltados com isso.” O presidente afirmou que as companhias aéreas low cost (custo baixo) entenderam o veto como um sinal positivo para vir para o Brasil.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro criticou os preços das passagens aéreas de modo geral. “Você não pode fazer uma perna (de viagem) daqui (Brasília) para o Rio de vez quando, para São Paulo, (e pagar) 2.000 reais”, disse. “Você compra com antecedência e paga 300 reais muitas vezes. (Existe) muita coisa complicada no Brasil, né?”, acrescentou, em relação às diferentes de preços em passagens.
(Com Estadão Conteúdo)