Cerca de 14 países, a maioria do continente africano, receberam um alerta do Departamento de Estado americano sobre as tentativas das Rússia de comercializar grãos ucranianos. O alarme reforçou as recentes acusações do governo ucraniano sobre o movimento da Rússia em tentar lucrar com grãos saqueados, incluindo o roubo de até 500.000 toneladas de trigo.
Os dois países em guerra, até então, concentravam cerca de um terço da oferta global de trigo, além da oferta de fertilizantes e outras commodities. Segundo a estimativa oficial, mais de 20 milhões de toneladas de grãos ucranianos ficaram embargadas, após o bloqueio de portos no sul da Ucrânia pela Rússia. Desde março, os ministros ucranianos estão acusando o governo de Putin de roubar não apenas grãos, mas equipamentos agrícolas. Taras Vysotskyi, vice-ministro da Agricultura da Ucrânia, estima saques de 15 milhões a 20 milhões de dólares em maquinários.
Na última sexta-feira, 3, o presidente do Senegal, Macky Sall, viajou à Rússia para encontrar o presidente Vladimir Putin e estreitar as relações comerciais entre os países no tocante ao fornecimento de grãos – já comercializados anteriormente à guerra. Macky Sal, também presidente da União Africana (organização continental composta por 55 países africanos), tem relação amistosa com o líder russo. Um estreitamento das relações entre Rússia e o continente africano pode garantir não só o aumento da exportação de grãos russos, mas o fornecimento da produção roubada da Ucrânia, segundo as autoridades do governo ucraniano. Aceitar os produtos é um dilema para alguns países na África que enfrentam grandes períodos de seca e escassez de alimentos.
A Rússia também busca outros compradores, sobretudo em função da sua própria produção agrícola ter sido prejudicada com as sanções ocidentais. Vasyl Bodnar, embaixador ucraniano, disse na sexta-feira que está cooperando com a Turquia e a Interpol para encontrar os culpados pelo recebimento de grãos roubados em território turco. “A Rússia está roubando descaradamente grãos ucranianos e transportando-os pela Crimeia invadida. Esses grãos estão sendo enviados para países estrangeiros, incluindo a Turquia”, alegou.