Sai o pato amarelo, entra o sapo verde: Fiesp agora mira os juros
Mascote anterior da entidade empresarial tinha como vilão a carga tributária, mas acabou se tornando célebre nas manifestações pelo impeachment de Dilma
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) lançou, na manhã desta terça-feira, a campanha “Chega de Engolir Sapo”, em protesto contra os juros cobrados dos consumidores brasileiros. No ato de estreia, um sapo verde gigante foi posicionado na entrada do prédio. As ações de divulgação contaram com anúncios em jornais e distribuição de folhetos por 150 pessoas vestidas de sapo.
O novo mascote ocupa o lugar do célebre pato amarelo, da campanha “Não vou Pagar o Pato”, criada em 2015 para discutir com a população os impostos cobrados no país e combater o aumento da carga tributária. No entanto, no decorrer da campanha, o pato inflável virou símbolo da luta contra a corrupção e de movimentos pró-impeachment de Dilma Rousseff (PT).
No Carnaval deste ano, o pato amarelo foi usado pela escola de samba Paraíso do Tuiuti, vice-campeã, como parte da indumentária dos “manifestoches”, uma crítica aos manifestantes fantoches que, na visão da agremiação, foram às ruas para pedir a saída da presidente Dilma.
Durante o tempo que o mascote do impeachment ficou na frente do prédio da Fiesp, o artista plástico holandês Florantijn Hofman chegou a acusar a federação empresarial de plágio, alegando que o pato era uma cópia exata de uma de suas obras.
Popular e polêmico, o pato, que perdeu o posto para o novo símbolo da campanha, encontra-se recolhido, mas pode voltar às ruas “caso haja qualquer ameaça de aumento de impostos”, de acordo com a Fiesp. Segundo a entidade, a campanha anunciada nesta terça-feira é uma ação conjunta de diversos setores, em nível municipal, estadual e federal. “O sapo nasce para combater a elevada taxa de juros cobrada do consumidor, das pessoas, da nação”, afirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, na calçada do prédio, na Avenida Paulista.
A nova campanha ocorre em um momento em que a Selic, taxa básica de juros do país, atinge o valor mais baixo da história: caiu de 14,25% para 6,75% ao ano. A federação argumenta que os juros cobrados dos consumidores e das empresas brasileiras, no entanto, continuam altíssimos, o que significa que a redução não foi repassada.