O Santander Brasil deu início à temporada de balanços do setor bancário e estreou com o pé direito. O lucro líquido recorrente do banco no segundo trimestre de 2024 registrou um aumento de 44,3% na base anual, ou seja, em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 3,3 bilhões. Esse desempenho superou as previsões do mercado, que esperava um lucro de R$ 3,2 bilhões, de acordo com o consenso reunido pela Bloomberg.
O resultado foi impulsionado por um aumento nos empréstimos e nas tarifas cobradas, sinalizando uma recuperação após o período crítico enfrentado pelo setor bancário no ano passado, devido à taxa Selic, que estava em 13,75%. Quanto mais alta a taxa de juros mais caro é o crédito e menor a demanda por empréstimos. A taxa atual em 10,5%, embora ainda alta, já tem descomprimido o setor bancário.
A carteira total de empréstimos do Santander aumentou 2% em termos trimestrais e 8% em termos anuais, impulsionada principalmente pelo financiamento ao consumo (5% trimestral) e corporativo (4% trimestral). As receitas totais do banco cresceram 1% em relação ao trimestre anterior e 12% na comparação anual, com os serviços liderando esse aumento.
A melhora no cenário econômico, decorrente de medidas de estímulo do governo como a concessão de benefícios sociais, política de aumento do salário mínimo e programas de renegociação de dívidas, contribuiu para a redução da inadimplência. O índice de inadimplência superior a 90 dias atingiu 3,2% em junho de 2024, estável em relação ao trimestre anterior e com uma queda de 0,2 ponto percentual no ano. O índice de inadimplência para pessoa física caiu 0,1 ponto percentual no ano, enquanto houve um aumento de 0,5 ponto percentual para pequenas e médias empresas.
As pequenas e médias empresas continuam pressionadas pela alta taxa de juros, que encarece o crédito necessário para suas operações, e pela carga tributária elevada, além das incertezas sobre o impacto da reforma tributária.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) do Santander Brasil atingiu 15,5%, alinhando-se às estimativas mais otimistas dos analistas. Esse indicador é crucial para avaliar a eficiência do banco em gerar lucros com os recursos dos acionistas, destacando a capacidade do Santander em manter uma rentabilidade robusta.
Em termos de despesas operacionais, o banco conseguiu mantê-las estáveis sequencialmente e aumentá-las em um ritmo inferior à inflação desde o ano passado, gerando ganhos importantes de eficiência. A carteira renegociada e as despesas com provisões para perdas com empréstimos também caíram 2% na comparação trimestral, refletindo uma gestão eficaz dos riscos.
A venda de ativos no valor de R$ 1,9 bilhão, direcionada para provisões adicionais de crédito, ilustrou a estratégia prudente do Santander de reforçar sua posição de capital sem impactar negativamente a demonstração de resultados gerenciais.
Segundo análise do Itaú BBA, os resultados do Santander Brasil marcaram todas as caixas na direção de um ROE elevado para o próximo ano. A expectativa é que esta temporada de balanços seja positiva para os bancos brasileiros, com o Santander Brasil dando o pontapé inicial com um desempenho superior.As ações do banco estão sendo negociadas a 1,1 vezes o valor contábil estimado para 2024 (P/B) e a 6 vezes o lucro projetado para 2025 (P/E). Isso significa que os investidores estão pagando um pouco mais do que o valor contábil dos ativos do banco e seis vezes o lucro esperado para o futuro, refletindo a avaliação atual do mercado sobre o valor e o potencial de crescimento do banco.
Com esses resultados, o Santander Brasil não apenas inaugura a temporada de balanços com o pé direito, mas também sinaliza um período promissor para o setor bancário no país.