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Santander lucra, mas ações dos bancos perdem

Os papéis dos grandes bancos caíram na bolsa de valores em São Paulo, depois de um mês de ganhos; há incertezas quanto ao nível de inadimplência

Por Josette Goulart 27 out 2020, 18h51

As ações dos bancos na bolsa de valores em São Paulo vinham subindo constantemente no último mês, depois de perdas fortes durante a pandemia. De repente, exatamente no dia em que o banco Santander inaugura a temporada de balanços do terceiro trimestre, com lucro considerado bom e acima das expectativas, com alguns analistas escrevendo que o mercado estaria melhor para os bancos, as ações despencaram. Os papéis do Santander puxaram as perdas caindo quase 5%. Itaú e Bradesco perderam quase 3%, e ainda vão divulgar os seus resultados. No caso do Santander, não teve jeito, o lucro de R$ 3,9 bilhões não foi suficiente para agradar investidores. Eles desconfiaram da redução das provisões para devedores duvidosos, que foi o que ajudou o lucro ser mais forte que o esperado. Eles não gostaram de ver as receitas caindo no comparativo anual e principalmente não ficaram satisfeitos com a redução das margens financeiras. Há um clima de desconfiança no ar.

As margens dos bancos estão sendo afetadas por uma série de fatores. São eles os juros básicos da economia a 2%, que reduzem o ganho dos bancos; o conservadorismo em tempos de pandemia que leva estimula a emprestar em linhas mais seguras como imobiliário e consignado e, portanto, menos rentáveis; a queda de receita com tarifas; e a própria expectativa com os números de inadimplência. Apesar de a inadimplência nos bancos estar em seus níveis históricos mais baixos, eles revelam uma distorção momentânea provocada pela pandemia.

Para evitar que os calotes afetassem os balanços dos bancos, o Banco Central permitiu que o pagamento das dívidas dos clientes fossem jogadas para 180 dias, sem qualquer necessidade de provisionamento ou classificação de calote. Isto significa que os bancos não sabem o real tamanho da encrenca. Eles até se adiantaram fazendo as chamadas provisões de devedores duvidosos nos balanços anteriores, o que afetou diretamente o lucro no período, e agora começam a retirá-las dos balanços.

Talvez os bancos tenham superavaliado o tamanho do calote e este pode ter sido um dos motivos do Santander, por exemplo, ter reduzido agora as despesas com provisões, o que ajudou no seu lucro, segundo um gestor de fundos. Muitos analistas estão otimistas acreditando que o calote não será tão grande quando o imaginado, mas ainda é uma grande incógnita. “Apesar de um trimestre sólido, esperamos volatilidade nos resultados do banco, uma vez que a qualidade dos ativos deve se deteriorar quando os períodos de carência terminarem, o que pode levar a maiores provisões”, disseram os analistas do Goldman Sachs logo cedo. E a análise ainda continha uma observação de que, mesmo assim, os resultados deveriam ser bem recebidos pelo mercado. O que não se confirmou.

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O analista especialista em bancos da Omninvest, Carlos Macedo, vem escrevendo há alguns dias sobre o setor bancário e apontando questões interessantes. Além dos juros básicos estarem baixo, o que automaticamente faz com que os bancos ganhem menos dinheiro, há ainda o fator do risco fiscal no Brasil, segundo Macedo. Os bancos são um conduit do risco soberano. “Não se pode ignorar os efeitos dos problemas recentes no refinanciamento da dívida pública e estresse no mercado de LFTs (títulos públicos)”, escreveu Macedo. “Ou seja, em cenários de preocupação com a trajetória fiscal do país, o setor de bancos raramente costuma ser o preferido de investidores”. Mas vale notar que, mesmo com a deterioração do cenário fiscal, os papéis dos bancos ainda estão valorizando em outubro.

Outro ponto relevante destacado por Macedo é a concorrência das fintechs, que ficará evidenciada com a entrada em vigor do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central que entra em vigor em meados de novembro. As fintechs estão muito à frente no cadastro das chaves que as pessoas poderão usar para fazer as operações. O Pix afeta a concorrência de duas formas. Na escolha das pessoas em usar as fintechs, que já passam a impressão de serem mais tecnológicas e que primam por uma melhor experiência ao cliente, mas também porque afetam as receitas dos bancos. O Pix é gratuito enquanto os atuais sistema de TED e DOC costumam ser cobrados dos seus clientes pelos grandes bancos. A Moody’s chegou a estimar que os bancos perderiam cerca de R$ 4 bilhões com receitas de tarifas.

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