Desentupir esgotos, abraçar gatos e cachorros de rua, limpar banheiros públicos em eventos e arrancar chicletes grudados no asfalto. Você aceitaria realizar alguma dessas atividades em troca de Wi-Fi gratuito? Foram com esses termos que concordaram cerca de 22 mil pessoas na Inglaterra.
O teste de duas semanas foi realizado pela empresa britânica Purple, provedora de Wi-Fi na cidade. Entre todas as pessoas que participaram da experiência, apenas uma questionou a empresa pelos termos de compromisso.
O advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Flávio Siqueira, ressaltou a importância de ler os contratos. “Nada é gratuito, sempre é em troca de alguma coisa. Na internet, normalmente a moeda de troca são os dados pessoais. O mínimo é ler o contrato, porque do outro lado tem uma empresa que sabe muito bem o que está escrito”.
A intenção do teste foi comprovar que as pessoas não leem os contratos que assinam. O termo estabelecido pela empresa estipulava mil horas de trabalho comunitário durante duas semanas.
Ao aceitarem os termos da Purple, as pessoas também estavam sujeitas a limpar dejetos de animais em parques, e “pintar conchas de caracol para iluminar a existência deles”.
Siqueira ainda afirmou que o Código de Defesa do Consumidor prevê algumas proteções aos consumidores mais desatentos. “Uma cláusula como a de limpar banheiros pode ser considerado abusivo. O perigo de não ler contratos é negociar coisas que você não sabe”.