Temer admite estudo sobre ampliar faixa de isenção de IR
Ele disse que, do jeito que o projeto da reforma da Previdência está atualmente, será preciso uma atualização daqui a dez anos
O presidente Michel Temer admitiu nesta segunda-feira, em entrevista a rádios regionais, que o governo considera a possibilidade de ampliar a faixa de isenção do imposto de renda. Ele defendeu a utilidade da medida, mas reconheceu que é uma mudança “complicada”.
“Houve apenas uma primeira conversa para verificar se seria possível ampliar a faixa limite para o Imposto de Renda. Se for possível é claro, se aumenta a faixa de isenção, está se permitindo que muita gente possa economizar no pagamento do tributo para aplicar no varejo ou onde seja”, disse Temer, ao ser perguntado sobre a possibilidade de ampliar a faixa de isenção do IR.
Questionado depois sobre a previsão para uma decisão, o presidente negou que haja algo concreto. Disse que houve “uma breve fala” apenas, mas afirmou que a ampliação da isenção o agrada.
“Se você me perguntar ‘seria bom’? Seria bom, porque seria uma maneira de alcançar uma boa margem de trabalhadores que seria beneficiada por isso de um lado, e de outro lado a economia, porque em vez de pagar o tributo usariam isso na economia”, afirmou.
“Seria útil, mas é uma coisa complicada. Eu reconheço que é complicado”, disse Temer, acrescentando que analisaria “com muito cuidado” a possibilidade, mas que não tem um prazo para decisão.
Reformas
Temer disse que o governo apreciaria votar o mais rápido possível a reforma da Previdência. Mas, segundo ele, só é possível levar o assunto a plenário quando o Palácio do Planalto conseguir no mínimo 320 votos favoráveis à matéria.
Com isso, Temer estimou que a votação em primeiro turno na Câmara só deve ocorrer no fim do mês ou início de junho. “Você só leva para o plenário se tiver 320, 330 votos garantidos para assegurar os 308 necessários. Então, qual é o objetivo? Talvez na última semana de maio, talvez na primeira semana de junho, você consiga votar o primeiro turno na Câmara dos Deputados”, disse.
Durante a entrevista, o presidente foi questionado também se a proposta de reforma da Previdência teria passado do ponto, ao que ele respondeu que sabia que haveria objeções. “O Congresso é que vê se está de acordo ou não com a proposta, que foi feita para durar 30 anos. O relator trouxe as mudanças e eu disse: vamos negociar”, explicou, citando mais uma vez que o Congresso é parceiro do seu governo. Na avaliação dele, melhor aprovar uma reforma que vai permitir uma economia de 600 bilhões de reais do que não ter nenhuma economia.
Ele também reafirmou que, do jeito que o projeto da reforma da Previdência está atualmente, será preciso uma atualização daqui a dez anos, mas minimizou a questão dizendo que é um trâmite normal de propostas que revisam as regras da aposentadoria.
Lava Jato
O peemedebista voltou a negar a influência negativa que as citações de ministros no âmbito da Lava Jato podem ter sobre a votação da reforma da Previdência. Segundo ele, um número infindável de pessoas foram mencionadas em delações, mas a operação está “prestando um benefício ao país”.
Citando o caso da ex-presidente Dilma Rousseff, em especial a denúncia de que o cabeleireiro de Dilma era pago “por fora”, Temer disse que não se pode culpá-la imediatamente. “Eu entendo a revolta popular, mas precisamos que o judiciário examine isso. Não se pode incriminá-la.”
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)