Temor de desaceleração global derruba bolsa e faz dólar subir para R$ 4,04
Indústria fraca na China, retração econômica na Alemanha e possível sinal de recessão nos Estados Unidos afetam mercados
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, seguiu a tendência do exterior e despencou 2,9% nesta quarta-feira, 14, para 100.258 pontos. O dólar comercial subiu 1,9% e fechou cotado aos 4,04 reais para a venda — o maior patamar em três meses. O impacto veio de dados ruins da China, retração da economia na Alemanha e do fato do título de dívida pública americana à curto prazo ter ficado menos rentável em relação ao de longo prazo, “inversão” conhecida por preceder recessões nos Estados Unidos.
Pela manhã, a China divulgou os dados da indústria referentes a julho. A produção industrial desacelerou para o menor patamar em 17 anos, resultado visto como uma consequência direta da disputa comercial com os Estados Unidos. Investidores temem os impactos do embate entre os dois países para uma desaceleração da economia global. A preocupação também se justifica pelo desempenho da União Europeia. A Alemanha, principal economia do bloco, divulgou retração de 0,1% no segundo trimestre na comparação com os três meses imediatamente anteriores. E, a zona do euro, teve desaceleração de 0,4% de abril a junho ante janeiro a março deste ano.
À tarde, pelo Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o Fed e seu presidente, Jerome Powell. Trump e o mercado queriam um corte maior na taxa de juros do país. Segundo ele, o país demorou muito para reduzir a taxa, e agora os outros países “dizem obrigado ao sem noção do Jay Powell e ao Federal Reserve”. No final de julho, o colegiado diminuiu os juros pela primeira vez em dez anos, em 0,25 ponto percentual.
Além disso, a taxa do Treasury — título de dívida pública dos Estados Unidos — de dois anos ficou brevemente acima do papel de dez anos. Ou seja, a rentabilidade do título a curto prazo ficou maior do que a do de longo prazo. Analistas consideram esse o tipo de “inversão” que, quando persistente, precede recessões anteriores no país.
O reflexo foi sentido nos mercados financeiros globais. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 fechou em queda de 2,9%, e a bolsa eletrônica Nasdaq, em 3,1%. Na Europa, o índice alemão DAX caiu 2,2%, e o francês CAC-40 perdeu 2,1%.
No cenário interno, a reforma da Previdência, grande tema do ano para os investidores, já é tida como precificada pelo mercado, segundo analistas. A reforma tributária também está no radar. Os investidores aguardam pela divulgação do projeto do governo. Outros três textos foram elaborados, um por governadores e dois por congressistas.
(Com Reuters)