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Tesla despenca, puxando todo o setor de tecnologia na Nasdaq

Empresa de carros elétricos de Elon Musk cai mais de 15% depois de ter sido preterida do índice de ações americano S&P 500

Por Josette Goulart Atualizado em 8 set 2020, 14h15 - Publicado em 8 set 2020, 14h08

Para entrar no índice de ações S&P 500, um dos mais importantes dos Estados Unidos e que reúne as maiores empresas do mercado acionário, é preciso ter algumas características como ser grande, ter liquidez, viabilidade financeira e ter ações negociadas há algum tempo. Parecia que a Tesla tinha tudo isso. É a maior companhia de carros do mundo em valor de mercado. Está entre as 15 maiores empresas americanas.  E, desde que anunciou seu quarto trimestre seguido de lucro, os investidores começaram a fazer a contagem regressiva para ver a ação no S&P 500. Mas, na sexta-feira ao fim do dia, o comitê que decide sobre quem entra no índice resolveu deixar a empresa de Elon Musk de fora. Sem mais explicações. Depois dessa decisão, o mercado americano só reabriu nesta terça-feira, 08. Mas as ações da Tesla já acordaram despencando. Por volta das 13 horas, a quera já era de 15%. A Nasdaq cai 3% e ações como da Apple, Amazon, Facebook também estão perdendo valor.

A notícia da Tesla veio reforçar os questionamentos dos investidores de se as ações de tecnologia estão super valorizadas e já chegaram no topo. Para ficar no exemplo da Tesla, os seus papéis se valorizaram 400% neste ano, o que a coloca como uma empresa de mais 330 bilhões de dólares. Desde o ano passado, o valor já subiu 800%. As ações de tecnologia, em geral, estão em alta no ano, porque os investidores passaram a acreditar que elas seriam as grandes beneficiadas da pandemia. Mas, desde quinta-feira, os papéis de techs parecem ter invertido a tendência. Continuaram caindo na sexta e nem o feriado americano de 7 de setembro foi suficiente para acalmar os ânimos. Outro motivo que levou os investidores a desconfiar do preço das ações foi o movimento do Softbank, um conglomerado japonês que está usando um fundo de investimentos em empresas de tecnologia para fazer apostas no mercado de opções. O Softbank já está sendo chamado de “baleia Nasdaq” e o jornal britânico Financial Times estima que o fundo apostou 4 bilhões de dólares em opções de empresas de tecnologia, com uma exposição de 30 bilhões de dólares. O mercado de opções afeta diretamente o preço das ações do mercado à vista e analistas dizem que este foi um dos motivos de todos os papéis terem se valorizado ainda mais em agosto, mesmo já vindo de quatro meses de alta.

No caso da Tesla, o analista Dan Ives, da Wedbush, lembra que os membros do comitê do S&P 500 não querem ver nenhuma tendência de prejuízo nos balanços das companhias que entram no índice. Isso significa que, apesar de quantitativamente o balanço da Tesla estar dentro das métricas, qualitativamente pode não conseguir manter os resultados. Um dos motivos é que a empresa obtém receitas significativas com a venda de créditos de carbono. Afinal, ela é a maior produtora de carros elétricos do mundo. E foi justamente a venda de créditos de carbono, uma receita de 428 milhões de dólares, que ajudou a empresa nos resultados do segundo trimestre deste ano. Os investidores esperavam até mesmo um prejuízo, e no fim veio um lucro de 104 milhões de dólares. No mesmo período do ano passado, a Tesla teve um prejuízo superior a 400 milhões de dólares. A pergunta que se faz em relação à Tesla é se a genialidade de Elon Musk como inovador é suficiente. O sócio de Warren Buffet na Berkshire Hathaway, Charlie Munger, fez uma análise interessante sobre Musk e a Tesla. “Tenho dois pensamentos sobre a Tesla: eu nunca compraria a ação, mas também nunca a venderia a descoberto”. E disse mais: “Nunca subestime alguém que se superestima. Acho que Elon Musk é peculiar. Ele pode se superestimar, mas não vai estar errado o tempo todo.”

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