O Tesouro Direto paga 9 bilhões de reais nesta quarta-feira, 15, em títulos federais para cerca de 122 mil investidores. Entre eles, 69% são homens e 31% mulheres, segundo o Tesouro Nacional. Esse será o maior vencimento da história do Tesouro, que abriu o mercado de dívida pública para o aplicador comum há 17 anos.
Ao todo, o governo pagará 88 bilhões de reais em títulos federais, sendo os 9 bilhões de reais apenas para as pessoas físicas.
Segundo o Tesouro, 52.271 investidores (equivalente a 43,1%) sacarão até R$ 10 mil. Apenas 905, cerca de 0,74%, resgatarão valores acima de R$ 1 milhão.
Os vencimentos são relativos ao título de Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), lançadas em 2013, conhecidas como Tesouro IPCA+. A remuneração dessa modalidade do Tesouro é o pagamento de uma taxa de juros pré-fixadas. Segundo o Tesouro Nacional, no período de seis anos o título acumulou rentabilidade de 64%. Entre maio de 2013 e maio de 2019, a inflação acumulada foi de cerca de 41% (ao redor de 6% ao ano).
No Tesouro Direto, o cidadão pode comprar títulos de dívida pública do governo. Na prática, é como se o investidor emprestasse dinheiro à União e virasse seu credor. O chamado “título” é o documento que prova essa negociação. Por se tratar do governo federal, essa é considerada uma aplicação segura e rentável. Apesar disso, existem diferentes tipos de títulos e rentabilidades e, portanto, riscos variados.
Para a União, a prática funciona como uma das maneiras de arrecadação de investimentos para projetos como infraestrutura, educação, saúde e etc.
Tendência é de reinvestimento
Nas contas do próprio Tesouro, cerca de 70% dos 9 bilhões de reais que serão pagos pelo governo vão apenas “quicar” na conta do poupador para cair de volta em uma nova aplicação, que na opinião dos especialistas permanecerão em sua maior parte dentro da renda fixa – modalidade tida como porto seguro, mesmo com a taxa básica de juros, a Selic, a 6,50% ao ano, seu menor patamar.
Por trás dessa projeção de reinvestimento pesam dois fatores: o histórico dos vencimentos do passado, com alta taxa de retorno dos recursos para dentro do mercado financeiro, e o trabalho frenético feito pelos bancos e corretoras de investimento nas últimas semanas. Eles vêm trabalhando há dias para tentar convencer os clientes a não sacarem os recursos, em uma disputa travada nas mesas de operações e pelos gerentes de relacionamento.
No Bradesco, há dois meses o time de vendas recebeu ordens da diretoria executiva para intensificar os contatos com os poupadores listados para receber os recursos do Tesouro. A estratégia é destacar todos os gerentes e especialistas em investimentos para uma “venda” corpo a corpo, que inclui desde contatos pessoais, ligações telefônicas, mensagens de texto por celular até lembretes via WhatsApp.
“Tem sido nosso principal foco no setor, lutar por cada centavo, tanto entre os investidores institucionais quanto pessoas físicas”, afirma o diretor executivo do Bradesco, Leandro Miranda, que tem detalhado o perfil de todos os 122 mil investidores com conta no banco. “Sabemos como eles aplicam e como gostariam de aplicar”, diz.
De uma forma geral, o Bradesco tem aproveitado esse vencimento para apresentar ao cliente os produtos considerados mais “sofisticados” dentro do portfólio da instituição: de novos produtos de renda fixa até os fundos geridos pelo próprio banco.
Já o Banco do Brasil resolveu adiantar o lançamento de dois fundos espelho – que investem em cotas de fundos de terceiros – de multimercado, para oferecer aos investidores que receberão os recursos do Tesouro na conta. “Esses fundos já estavam programados, mas decidimos antecipar o lançamento”, conta a gerente geral de captação e investimentos do BB, Luciane Effting. Os cinco mil gerentes do banco foram destacados para contatar os investidores.
(Com Estadão Conteúdo)