O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira, 1°, a imposição de tarifas adicionais de 10% sobre 300 bilhões de dólares de produtos chineses. Segundo ele, as novas taxas começarão a valer a partir de setembro. A imposição de novas taxas não era esperada, já que nessa semana, representantes dos dois países se reuniram em Xangai para tentar amenizar as tensões comerciais, que começaram em 2018.
De acordo com Trump, “os Estados Unidos vão impor, a partir de 1° de setembro, pequenas tarifas de 10% nos 300 bilhões de dólares restantes de produtos chineses. A medida não inclui os 250 bilhões de dólares já impostos em 25%”, afirmou ele, pela Twitter.
Na breve rodada de negociações, apesar de poucos sinais de progresso, houve um acordo entre os países para se reunirem novamente em setembro, dessa vez nos Estados Unidos. Esse foi o primeiro encontro presencial entre as equipes desde que os presidentes Donald Trump e Xi Jinping concordaram com uma trégua comercial em uma cúpula do G20 em junho.
Segundo Trump, apesar das conversar estarem avançando, a China não cumpriu sua promessa de comprar produtos agrícolas dos Estados Unidos em grande quantidade. Além disso, de acordo com ele, o presidente chinês Xi Jinping “disse que o país iria parar de vender Fentanyl para os Estados Unidos – o que nunca aconteceu, e muitos americanos continuam morrendo!”, acrescentou Trump.
Fentanyl é um opioide que funciona como anestésico. O medicamento é muito vendido nos Estados Unidos e faz parte da crise de overdose por uso de opióides que o país vive. Só em 2017, 72 mil pessoas aproximadamente vieram a óbito por este motivo.
O anúncio de Trump teve forte impacto nos mercados. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, que chegou a ultrapassar a alta de 2% nesta quinta-feira, com otimismo após o corte de juros no Brasil e nos Estados Unidos, subia 0,34% às 15h35, aos 102.179 pontos. No mesmo horário, o dólar, que já subia 0,34% por volta das 10h, elevou essa tendência com alta de 0,8% a 3,84 reais na venda.
A disputa comercial entre China e Estados Unidos
A tensão comercial entre China e Estados Unidos começou em meados de 2018. Trump foi eleito com uma bandeira forte contra os produtos “made in China”, acusando o país asiático de prejudicar a indústria nacional e gerar desemprego. O ápice ocorreu quando o presidente anunciou tarifas de 25% sobre 50 bilhões de dólares de alta tecnologia chineses e 10% sobre 200 bilhões de dólares de outras mercadorias, em março do ano passado.
Houve retaliação chinesa e a partir de então os dois países iniciaram à uma queda de braço que, por envolverem as duas maiores potências econômicas do globo, passou a gerar consequências em todo o mundo. A situação esfriou no fim de 2018, com o início de negociações para uma trégua.
Quando a guerra comercial parecia perto de uma solução, Trump anunciou em maio deste ano a elevação de 10% para 25% das tarifas sobre produtos de alta tecnologia chineses. O motivo, segundo o presidente, foi o fato da China ter supostamente quebrado o acordo comercial que os dois países estavam negociando. A medida teve retaliação chinesa poucos dias depois, com aumento das tarifas a produtos dos Estados Unidos, estimados em 60 bilhões de dólares. Seguiu-se um período maior de tensão, até que, durante o G-20, foi anunciada uma trégua e o reinício das negociações para um acordo.