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Valor da Embraer sobe R$ 3 bilhões em um dia

Com o salto de 22,5% ao fim do pregão, por causa da notícia do interesse da Boeing, o valor de mercado da empresa superou R$ 15 bilhões

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 22 dez 2017, 08h06 - Publicado em 22 dez 2017, 07h50
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  • O anúncio de negociação para uma combinação de negócios entre a americana Boeing e a Embraer fez as ações da companhia brasileira dispararem quinta-feira na B3 (nova denominação da Bolsa paulista). Com o salto de 22,5% ao fim do pregão, para 20,20 reais, o valor de mercado da Embraer superou 15 bilhões de reais — 3 bilhões de reais a mais do que na véspera. Na máxima, o papel chegou a 23 reais, com valorização de 40%.

    O grande interesse da Boeing na Embraer reside no segmento de aviação regional, atendido por aeronaves com cerca de cem lugares, disse André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company e especialista em aviação. “Embora a Embraer tenha bons produtos de uso militar, a Boeing é um colosso no setor”, disse. “Os aviões da Embraer no setor são mais de transporte e treinamento do que, propriamente, de combate, o que fez o Brasil comprar caças suecos.”

    O movimento da Boeing também seria uma forma de a americana se proteger do acordo firmado entre a franco-alemã Airbus e a canadense Bombardier, nesse mesmo segmento, em outubro. Para Jorge Leal, especialista em aviação e professor da USP, a Embraer teria menor necessidade de formar uma parceria do gênero. “A Embraer vem se dando melhor no mercado do que a Bombardier”, disse.

    Na visão de analistas de mercado, a potencial união com a gigante americana poderia ser benéfica à Embraer. O BTG Pactual calculou que o prêmio ante a avaliação atual da empresa brasileira poderia chegar a 50% e estimou o negócio em 15 bilhões de dólares (mais de 50 bilhões de reais).

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    Desvalorização

    O BTG lembrou, porém, que as ações da Embraer vinham sendo negociadas em patamar bastante baixo. Com as dificuldades enfrentadas no ano passado, a empresa viu o preço de seu papel perder quase 50% — saindo de 29,19 reais, ao fim de 2015, para 15,54 reais, em dezembro de 2016. Ao longo deste ano, mesmo com a melhora dos dados do balanço, o ânimo dos investidores com o papel foi bem limitado.

    Entre 1º de janeiro e 20 de dezembro de 2017, o papel ordinário (que dá direito a voto) da Embraer havia avançado 6,11%, para 16,49 reais, uma alta de pouco mais de 6%. O desempenho da fabricante ficou bem abaixo do Ibovespa, que acumulava ganho de mais de 20% até quarta-feira.

    Prós e contras

    Ao se associar à Boeing, a Embraer ganharia acesso a clientes e a capital mais barato para seus aviões de médio porte, segundo Castellini, da Bain & Company. No entanto, o especialista ressalvou que, qualquer que seja o desenho do acordo — aquisição de todo o negócio ou parceria específica na aviação regional —, a fabricante colocaria em risco uma de suas principais vantagens: a agilidade. “A Embraer é vista como uma empresa capaz de trazer bons produtos de forma rápida ao mercado”, explicou. “Ao se tornar subsidiária de uma gigante, esse poder de decisão seria reduzido.”

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