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Educação multidisciplinar aproxima crianças da escola, diz especialista

Marjo Kyllönn, secretária de educação de Helsinque, capital da Finlândia, defendeu sistema de educação a partir da resolução de problemas da vida cotidiana

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 Maio 2018, 18h43 - Publicado em 29 Maio 2018, 10h58

Há três anos, a cidade de Helsinque, capital da Finlândia, decidiu dar um passo rumo à “escola do futuro”: adotar um sistema em que alunos estudem, para além das disciplinas tradicionais, a resolução de problemas abordando conhecimentos multidisciplinares. Para a secretária de educação da cidade, Marjo Kyllönen, a experiência reaproximou as crianças da escola.

“Um estudante nosso, de 11 anos, entrevistou seus colegas e perguntou o que eles achavam do nosso novo sistema. E, acredite, um colega deu uma resposta que surpreendeu: ‘O nosso sistema é mais legal, porque nós é que estamos no comando do processo, não são mais os professores que nos perguntam, somos nós que fazemos as perguntas'”, afirmou a especialista durante participação no fórum Amarelas ao Vivo, versão de palco das tradicionais Páginas Amarelas de VEJA.

Entrevistada pela redatora-chefe Thaís Oyama, Marjo explicou o que é a tal “educação baseada em fenômenos”, que impressionou especialistas ao redor do mundo. “Em vez de ter apenas aulas separadas de diferentes matérias, adotamos uma abordagem holística, em que os alunos usam as diversas abordagens, de diversas matérias, para resolver um problema do dia a dia. Ainda temos matérias tradicionais, mas, apesar delas, adotamos as relações da vida real, baseadas nas experiências dos alunos”, explicou. Em Helsinque, além de história e geografia, mudanças climáticas e os desafios da União Europeia são tópicos estudados a partir do prisma de diversas áreas do conhecimento.

A educadora conta que encontrou resistência para as mudanças, já que, nas últimas décadas, a Finlândia ficou três vezes em primeiro lugar no exame do PISA, prova que estabelece o padrão mundial em educação.

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“É mais fácil você fazer aquilo que já está confortável, mas Helsinque é uma cidade em que 20% dos alunos, aproximadamente, são imigrantes. Nossos professores têm reportado que, hoje, ser professor demanda mais, porque você precisa abarcar uma diversidade maior. Entenderam que, se precisamos preparar nossos alunos para o futuro, não conseguiremos fazer isso dentro do sistema tradicional”, relembra.

A educadora diz que não é possível “copiar e colar” um sistema, já que cada país tem a sua realidade, mas que dá para aprender com boas práticas e adaptá-las às condições locais. No entanto, defende um maior investimento na capacitação dos docentes e na valorização da carreira como necessidade básica para um bom sistema de educação.

“Educação para mim nunca é um custo, é um investimento no futuro. Se quisermos ser uma sociedade bem-sucedida no futuro, precisamos investir forte na educação infantil e na educação básica”, defendeu a professora. Para ela, a formação docente necessita, para além da abordagem acadêmica, de uma forte educação prática: “Quando os professores estão em fase de treinamento, eles precisam de uma experiência, precisam passar um tempo na escola.” Para a especialista, é preciso um profissional mais experiente para prepará-los.

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