As redes paulista e de mais oito Estados pioraram na qualidade do ensino médio entre 2015 e o ano passado. Apenas Goiás e Pernambuco atingiram as metas estabelecidas pelo governo federal para essa etapa, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal instrumento de avaliação da área, divulgado nesta segunda-feira (3) pelo Ministério da Educação (MEC).
Goiás teve a melhor nota: 4,3, em uma escala de zero a dez, sendo que o objetivo para o Estado era 4,2. A média das redes estaduais do país foi de 3,5 — bem atrás do parâmetro previsto pelo MEC para o ensino médio público (alunos de 15 a 17 anos) no ano passado, de 4,4.
O sistema público paulista ocupa o 4º lugar no ranking do Ideb, atrás de Goiás, Espírito Santo e Pernambuco, e ao lado de Ceará e Rondônia. O cenário é pior em relação à edição anterior do Ideb, de 2015, quando São Paulo aparecia no topo, juntamente com Pernambuco.
A lista de classificação do Ideb é diferente do ranking por notas de aprendizagem, cujos dados foram divulgados na semana passada — em que São Paulo aparece em 7º em português e em 11º na matemática. Isso acontece, porque o Ideb considera, além dos resultados nas duas disciplinas, as taxas de aprovação e de abandono escolar. Como São Paulo tem índices baixos de reprovados e de evasão, o estado vai melhor no Ideb.
O MEC criou esse índice em 2007. Naquela época, já fixou metas de desempenho para cada rede de ensino e cada escola a serem cumpridas até 2021. Neste ano, foi a primeira vez que os dados do Ideb e do Saeb foram divulgados separadamente. Ao apresentar as notas de português e matemática na semana passada, o ministro da Educação, Rossieli Soares, disse que o ensino médio está “no fundo do poço” e defendeu a reforma da etapa, estabelecida pelo governo federal em 2017. “Temos uma série de dificuldades que precisam ser superadas, desde a estrutura das escolas à formação para professores.”
Sobre a queda de aprendizagem em São Paulo percebida na semana passada, especialistas apontaram o corte de verbas do poder público, com a crise econômica e a rede restrita de ensino integral (menos de 600 unidades, entre cerca de 5.000 colégios) como explicações. A insatisfação dos jovens após a tentativa de reorganizar a rede, proposta e abandonada pelo governo em 2015, também é vista como outro possível motivo para a redução nas notas. Candidato à Presidência da República, Geraldo Alckmin (PSDB) esteve à frente do Executivo paulista entre 2011 e abril deste ano.
Na última semana, a Secretaria da Educação do estado afirmou que os dados do Saeb “evidenciam a necessidade de melhora” no fundamental e no médio. A pasta também disse valorizar a carreira docente, com encaminhamento de projeto de lei para a contratar mais professores e a concessão de reajuste à categoria. Segundo o governo, outra ação para o próximo ano é a oferta de cursos técnicos a distância para alunos da 2ª e 3ª séries do ensino médio da rede.
Fundamental
A rede pública goiana também lidera nas séries finais do ensino fundamental (alunos de 11 a 14 anos). São Paulo ficou em 3º lugar no ranking nacional da rede pública (ao lado do Ceará), mas não atingiu a meta. A nota paulista foi de 4,9 (e a expectativa era de 5,3). Dez estados não atingiram a meta nessa etapa.
Já nas séries iniciais do fundamental (alunos de 6 a 10 anos), a rede pública paulista é a melhor do país, com desempenho 6,5 (o objetivo para a etapa era 6,1). Nessa fase escolar, em que o país tem acumulado os melhores resultados nos últimos anos, apenas quatro estados não atingiram a meta. As prefeituras são responsáveis por 70% das matrículas nessa etapa.