Em caso de troca de tiros, siga-se o protocolo: 1) professores e alunos saem de perto das janelas e se abaixam; 2) abaixados, seguem em fila para a porta da sala de aula; 3) dirigem-se aos “pontos seguros”, previamente estabelecidos, e lá permanecem sentados no chão; 4) ninguém sai para a rua até que a segurança seja restabelecida. Essas poderiam ser orientações para o cotidiano de escolas na Síria, no Congo, no Iêmen, mas não. São recomendações da Cruz Vermelha Internacional para o dia a dia nas favelas do Rio. Ao longo de 101 dias deste ano letivo, em apenas sete os colégios funcionaram em paz. A situação chegou a tal nível de insegurança que, a pedido da prefeitura, a própria Cruz Vermelha Internacional — com a experiência de atuação em zonas de conflito em todo o mundo — dará, nesta semana, um treinamento a professores acerca do conjunto de normas a ser seguidas sob a mira dos tiros.
A reportagem de VEJA visitou escolas em quatro favelas que são terra de bandidos. Viu e ouviu o terror cotidiano, narrado em tom de desesperança. Em uma escola da Maré, às margens da Avenida Brasil, bocas de fumo negociam sua mercadoria a menos de 20 metros do portão, tudo sob a vigilância de traficantes portando fuzis. No Complexo do Alemão, antes uma vistosa vitrine do projeto de pacificação, o colégio visitado já teve até de fechar por ordem do tráfico no dia do enterro de um bandido. Na Cidade de Deus, a diretora coleciona cápsulas de bala. Do outro lado da cidade, em Acari, a escola em que morreu Maria Eduarda Ferreira, a Duda, de 13 anos, atingida por uma bala perdida na aula de educação física, também é colada a uma boca de fumo; a rua, ao lado de um canal imundo (o “valão”), é rota de carga roubada.
Leia esta reportagem na íntegra assinando o site de VEJA ou compre a edição desta semana para iOS e Android.
Aproveite também: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no Go Read.