Após bloquear 30% dos recursos das universidades federais do país, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, minimizou nesta terça-feira, 7, o tamanho do contingenciamento e ressaltou diversas vezes que não houve corte no dinheiro destinado ao ensino superior federal. Em audiência na Comissão de Educação no Senado, Weintraub questionou se as universidades “não podem economizar nem uma migalha” e voltou a defender que os investimentos federais em Educação sejam destinados à pré-escola e ao ensino básico.
“É sacrossanto o orçamento? Não podem economizar nem uma migalha?”, disse o ministro, ao ser questionado sobre a dificuldade relatada pelos reitores em manter as instituições após a redução de recursos. “A universidade federal hoje no país custa 1 bilhão de reais. Não dá para buscar nada [para cortar]? Todo mundo no país está apertando o cinto”, completou.
Ele declarou que 73% do orçamento do MEC vai para universidades federais, enquanto “o gasto não aumentou na educação básica”. “E onde foi o dinheiro da educação superior? Foi pra contratar gente. A gente contratou uma penca de gente no MEC ou nas universidades, enquanto as despesas discricionárias, equipamento, livro didático, pesquisa, vêm caindo. Do orçamento do MEC, 73% é universidade federal, o MEC é uma grande universidade federal”, criticou.
O ministro ainda afirmou que as universidades federais gastam muito com folha de pagamento e que, se cada uma delas fosse seus respectivos estados, “estariam todas estouradas na lei de responsabilidade fiscal”.
Weintraub esteve no Senado para apresentar as diretrizes e programas prioritários para a pasta, mas não apresentou projetos novos. Ele criticou programas petistas, como Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), e voltou a defender cortes na área de humanas.
Com o um bloqueio de 7,3 bilhões de reais do orçamento da pasta o ministro negou por diversas vezes que haja corte de recursos para as universidades federais e disse que houve um contingenciamento. “Se a economia tiver crescimento, com a aprovação da Reforma da Previdência, se descontingencia o recurso. Não há corte. A economia impôs o contingenciamento diante da arrecadação mais fraca e nós obedecemos”, disse.
Ele ainda propôs aos reitores que marquem reuniões com o MEC para discutir a nova situação financeira das universidades federais. Ele chegou a comparar a situação do contingenciamento com a situação de empresas privadas. “30% é sobre uma parte pequena do volume total de despesa. O dono de uma empresa às vezes tem que fazer corte de 20% e sobrevive”, exemplificou.
Questionado sobre o contingenciamento de recursos também para a educação básica, o ministro apenas afirmou que o bloqueio não é permanente. Também questionado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede) sobre o bloqueio de verbas para a construção de creches, que minutos antes havia sido elencado por Weintraub como prioridade, o ministro não respondeu. “Quantas creches o governo Dilma [Rousseff] cortou?”, se limitou a dizer.