Em uma transmissão ao vivo ao lado do presidente Jair Bolsonaro no Facebook, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, usou chocolates para explicar didaticamente o contingenciamento de 30% dos recursos destinados a universidades federais, anunciado na semana passada.
Ao ser chamado por Bolsonaro a explicar o contingenciamento, o ministro perguntou se o presidente gostava de chocolate e abriu quatro caixas de bombom que, disse, contêm 25 unidades cada. Com os 100 chocolates sobre a mesa, o ministro citou “uma universidade federal típica, normal, dessas que a gente vê por aí”, com “orçamento 1 bilhão de reais por ano”, e afirmou que “está todo mundo apertando o cinto”.
“A gente tá pedindo, simplesmente, que três chocolatinhos e meio, desses cem chocolates… A gente não tá falando pra pessoa que a gente vai cortar, não tá cortado, deixa pra comer depois de setembro, é só isso que a gente tá pedindo, isso é segurar um pouco”, declarou. Aproveitando que Weintraub abriu e cortou um dos chocolates ao meio, Bolsonaro tomou da mão do ministro a outra metade e comeu.
Em uma versão anterior deste texto, foi informado que o ministro Abraham Weintraub havia errado na conta e que, para ilustrar o contingenciamento, deveria ter mostrado 30 chocolates, em vez de 3,5 chocolates. O MEC divulgou nota esclarecendo o raciocínio de Weintaub, que não errou o cálculo.
O ministério informa que o contingenciamento de 30% incide somente sobre os 13,8% de despesas “discricionárias”, destinadas a custeio, previstas no orçamento das universidades federais em 2019, que é da ordem de 49,6 bilhões de reais. Sendo assim, conforme o MEC, o bloqueio atinge 3,4% do orçamento total das instituições, número ao qual o ministro fez referência na transmissão no Facebook.
Não são contingenciadas despesas com pessoal (salários e benefícios), que são 85,34% do orçamento das universidades federais neste ano, assim como os 0,83% de recursos para cumprimento de emendas parlamentares impositivas.
Abraham Weintraub ainda ressaltou que servidores das universidades não estão sendo demitidos e têm recebido em dia, mas ponderou que na iniciativa privada isso dificilmente ocorreria. “A gente não tá mandando ninguém embora, todos os salários estão preservados, ninguém… se fosse numa empresa, uma padaria, é difícil, a gente às vezes tem que mandar gente embora numa situação dessas. Ninguém vai ser mandado embora, todo mundo tá recebendo em dia”, disse ele.
O ministro da Educação explicou também que o contingenciamento se dá para “cumprir a lei”. “O Paulo Guedes teve que fazer isso porque a lei manda a gente contingenciar, segurar um pouco os gastos, não cortar, para cumprir a lei e não terminar como o governo anterior que gastou mais, descumpriu a lei e gerou inflação”, comparou.
No decorrer da transmissão ao vivo, Weintraub recolheu alguns dos bombons e colocou dentro de uma sacola abaixo da mesa. Vendo o movimento do subordinado, Bolsonaro prometeu “confiscar” 30% dos chocolates do ministro. “Você tá escondendo esse chocolate? Você não vai sair daqui levando esse pacote de chocolate não. Tá confiscado 30% no mínimo aí”, brincou o presidente.