Nos 65 anos dos folhetins nacionais, júri elege os melhores já exibidos
Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 20h23 - Publicado em 21 out 2016, 19h01
Em dezembro de 1951, estreava na extinta TV Tupi a primeira novela brasileira, Sua Vida Me Pertence. Com Lima Duarte no elenco, o título é a pedra fundamental de um dos principais produtos de entretenimento do país.
Para celebrar os 65 anos do formato no Brasil, VEJA elencou um time de doze jurados com a missão de selecionar os melhores folhetins da história. Cada um deles votou em dez títulos, sem ordem de preferência. Com os dados cruzados, dezessete tramas se destacaram e formaram um ranking.
Fazem parte do colegiado os estudiosos de teledramaturgia Mauro Alencar e Nilson Xavier; Dirceu Alves, crítico de teatro de VEJA SÃO PAULO; Patricia Kogut, colunista de televisão do jornal o Globo; o blogueiro Hugo Gloss; o comentarista Artur Xexéo; o cantor (e noveleiro assumido) Luciano Camargo; Mario Mendes, colunista do site de VEJA, no blog Pronto Falei; os editores de Artes e Espetáculos da revista VEJA Bruno Meier e Marcelo Marthe; a editora de entretenimento do site de VEJA, Maria Carolina Maia; e o editor especial do site de VEJA, Daniel Bergamasco.
No total, foram citados 49 títulos diferentes. Muitos tiveram apenas um voto: o drama Pai Herói, que está de volta no Canal Viva, a comédia Quatro por Quatro, a clássica Gabriela. As que mereceram duas indicações são tão diversas como o fenômeno A Viagem e a divertida Rainha da Sucata. Entraram na lista as que obtiveram reconhecimento triplo.
Segue o ranking abaixo, com muitos empates, do nono lugar (dividido por nove histórias) ao primeiro, com duas medalhas de ouro.
9º A Próxima Vítima (três votos)
Thriller policial criado por Silvio de Abreu, A Próxima Vítima, de 1995, conquistou com um intrigante suspense — e grande elenco. Diferentes famílias em São Paulo se encontram em meio a uma série de homicídios, que parecem não ter conexão entre si. A estudante de Direito Irene (Vivianne Pasmanter) e o detetive Olavo (Paulo Betti) iniciam uma investigação para descobrir quem é o misterioso assassino e quem será a próxima vítima.
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9º Irmãos Coragem (três votos)
O coronelismo e a corrupção são alguns dos paralelos usados por Janete Clair entre a novela, de 1970, e o contexto político da época, que vivia em plena ditadura militar. Sucesso de crítica e público, a novela global, em tom de faroeste, acompanha a insurgência dos irmãos João (Tarcísio Meira), Jerônimo (Cláudio Cavalcanti) e Duda (Cláudio Marzo) contra o latifundiário Pedro Barros (Gilberto Martinho).
9º O Casarão (três votos)
De Lauro César Muniz, o folhetim de 1976 é considerado um ousado passo na narrativa de telenovelas. O casarão do título é o microcosmo onde se passa a trama, dividida em três épocas distintas, perpassando cinco gerações de uma família do interior de São Paulo. As fases eram apresentadas de forma simultânea com atores diferentes dividindo o mesmo papel, dependendo da época. Carolina (Sandra Barsotti) e João Maciel (Gracindo Jr.) formavam o casal principal.
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9º O Rebu (três votos)
Exibida entre 1974 e 75, a novela de Bráulio Pedroso inovou ao apresentar uma trama, dividida em 112 capítulos, toda ambientada em apenas 24 horas. Durante uma festa, organizada pelo banqueiro Conrad Mahler (Ziembinski), um misterioso assassinato acontece. Todos os presentes são suspeitos. Ao longo dos episódios, flashbacks e a investigação da polícia preenchem a história. Em 2014, o folhetim ganhou um remake de 36 episódios.
9º Verdades Secretas (três votos)
De Walcyr Carrasco e Maria Elisa Berredo, a novela da Globo, exibida na faixa das 23h, em 2015, alcançou bons índices de audiência e revelou a estreante Camila Queiroz – além de dar à Grazi Massafera um papel que lhe renderia uma indicação ao Emmy. Camila interpreta Angel, uma aspirante a modelo que descobre um submundo de prostituição por trás de agências de talento.
9º O Clone (três votos)
Foram muitos e intensos os temas tratados no folhetim de Gloria Perez. Clonagem humana, vícios e cultura árabe conduziram a trama, que girava em torno do romance entre a muçulmana Jade (Giovanna Antonelli) e o brasileiro Lucas (Murilo Benício). A novela global ficou no ar entre 2001 e 2002 e quase foi prejudicada pelos atentados de 11 de setembro, que ocorreram pouco antes de sua estreia. Contudo, a audiência não foi abalada.
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9º Senhora do Destino (três votos)
Como esquecer Nazaré Tedesco? A vilã, interpretada em duas fases por Adriana Esteves e Renata Sorrah, é até hoje referência na cultura pop nacional e domina memes na internet. Na novela de Aguinaldo Silva, exibida entre 2004 e 2005, na Globo, a personagem sequestra uma menina recém-nascida, filha de Maria do Carmo (Carolina Dieckmann, Susana Vieira no futuro). A busca pela garota marca a trama – assim como os assassinatos de Nazaré, que usa escadas e tesouras para completá-los.
9º Selva de Pedra (três votos)
De Janete Clair, a trama, exibida pela Globo em 1972 e 73, acompanhava as contestáveis atitudes do malandro Cristiano Vilhena (Francisco Cuoco) para subir na vida. Em fuga de uma cidade do interior do Rio, ele vai à capital para recomeçar ao lado de Simone (Regina Duarte). Contudo, amizades perigosas levam o personagem a rumos obscuros. A novela ganhou um remake em 1986, com Tony Ramos no papel principal.
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9º Tieta (três votos)
Adaptação do livro Tieta do Agreste, de Jorge Amado, a novela cativou por seu humor irreverente e personagens marcantes. De Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, a produção começa com Tieta (Claudia Ohana) sendo escorraçada da cidade pelo pai por seu comportamento libertino. Ela retorna ao local, vinte e cinco anos depois, rica, poderosa e pronta para se vingar, agora na pele de Betty Faria. Tieta foi exibida entre 1989 e 90 na Globo.
6º Beto Rockfeller (quatro votos)
Exibida pela Rede Tupi entre 1968 e 69, a novela assinada por Bráulio Pedroso acompanhava a vida dupla de Beto (Luis Gustavo), um dos primeiros anti-heróis da TV brasileira. O malandro se divide entre o cotidiano de vendedor de sapatos e a identidade de Beto Rockfeller, um ricaço que se infiltra na high society paulistana através de uma namorada rica.
6º Que Rei Sou Eu? (quatro votos)
Exibido em 1989, na Globo, o folhetim fazia uma alusão à Revolução Francesa em forma de paródia do Brasil. Ambientada no século XVIII, em um país europeu fictício, a trama de Cassiano Gabus Mendes acompanhava a luta do bastardo Jean Pierre (Edson Celulari) pelo trono que ele deveria ter herdado. Porém, o mendigo Pichot (Tato Gabus Mendes) ganhou a honraria em seu lugar.
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6º O Rei do Gado (quatro votos)
De Benedito Ruy Barbosa, a novela, dividida em duas fases, movimentou um debate sobre a luta por posse de terra ao acompanhar o romance do pecuarista Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) com a boia-fria Luana (Patrícia Pillar). Além das diferenças sociais, o casal precisa encarar a rivalidade de suas famílias, os Mezenga e os Berdinazi. Exibida na Globo, entre 1997 e 98, o folhetim também ajudou a impulsionar a música sertaneja com sua forte trilha sonora.
5º O Bem Amado (cinco votos)
Exibida pela Globo, em 1973, a novela de Dias Gomes foi a primeira a exibir cores na televisão brasileira. Em pleno regime militar, o folhetim ironizava a política brasileira ao satirizar o coronelismo. O protagonista do título é o candidato a prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo), que tenta se eleger sob a promessa de que construirá um cemitério na fictícia Sucupira. Como ninguém morre, ele incentiva o retorno ao município do matador Zeca Diabo (Lima Duarte) – que, por fim, não quer mais matar ninguém, pois planeja ser um homem correto.
4º Pantanal (seis votos)
Diferenças culturais e sociais, além de um fundo folclórico, fizeram de Pantanal uma dos produtos mais relevantes produzidos pela extinta Rede Manchete. De Benedito Ruy Barbosa, o folhetim exibido em 1990 acompanha a história da família de Zé Leôncio (Cláudio Marzo), um peão de comitiva que faz fortuna e se casa com uma dondoca da cidade grande. Ela não se acostuma com a vida rural e foge com o filho do casal. Vinte anos depois, o herdeiro (Marcos Winter) retorna e se apaixona pela selvagem Juma Marruá (Cristiana Oliveira).
3º Roque Santeiro (oito votos)
Outra sátira política que deu certo entre as novelas, Roque Santeiro, de Dias Gomes, foi exibida entre 1985 e 1986 no horário nobre da Globo. A trama se passa na fictícia Asa Branca, onde os moradores vivem em função dos milagres do coroinha e artesão Roque Santeiro (José Wilker), um mártir da cidade. Porém, o falsário retorna quase vinte anos depois, vivo da silva, e ameaça a ordem estabelecida até então pelas autoridades políticas e religiosas locais.
1º Vale Tudo (nove votos)
Quem matou Odete Roitman? A pergunta foi a dúvida que não quis calar no começo de 89, quando a novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères já era extremamente popular, com sua mistura de disputa por poder e dramas familiares. Vivida por Beatriz Segall, a vilã Odete era aliada da inescrupulosa Maria de Fátima (Gloria Pires), que, por sua vez, vivia uma conturbada relação com a mãe Raquel (Regina Duarte). Por fim, o mistério acabou revelando Leila (Cassia Kis Magro) como a assassina – mas foi um engano, ela queria matar Maria de Fátima.
1º Avenida Brasil (nove votos)
O sucesso de Avenida Brasil foi tanto que até a respeitada revista americana Forbes analisou o título e cravou: é a novela mais rentável e bem sucedida do país. Exibida em 2012, e assinada por João Emanuel Carneiro, a trama colocou no cotidiano brasileiro os nomes de Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabella), vilã e mocinha (ou anti-heroína). Nina, na verdade, é Rita, enteada de Carminha, que cresceu no lixão por causa da madrasta. Ela alimenta um plano de vingança, colocado em prática uma década depois. Licenciada para 132 países, Avenida Brasil é a novela mais comercializada da história da Globo.
Abaixo, todos os votos dos participantes da enquete:
*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
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