A apuração das escolas de samba do Rio
Devido a acidentes com carros alegóricos da Paraíso do Tuiuti e Unidos da Tijuca, nenhuma escola de samba será rebaixada. Decisão saiu antes da apuração
A Portela é a grande campeã do Carnaval 2017 do Rio de Janeiro. Depois de 33 anos sem títulos, a escola foi eleita em apuração acirradíssima nesta quarta-feira, com o enredo “Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar”, referência a canção de Paulinho da Viola, grande nome da escola.
A agremiação, que desfilou sob a batuta do carnavalesco Paulo Barros, apresentou as histórias e mitos da água doce, com a comissão de frente representando a piracema, em que componentes se vestiram como peixes nadando em direção à nascente.
A apuração foi disputada ponto a ponto com a Mocidade Independente de Padre Miguel, que ficou em segundo lugar, com um enredo sobre o Marrocos. A escola abriu o desfile com um drone-tapete-voador, que planou pela Sapucaí e prendeu a atenção das arquibancadas. Durante o desfile, no entanto, uma passista caiu de um dos carros alegórico, mas seguiu caminhando.
Apuração
No início da apuração, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) anunciou que nenhuma escola do Grupo Especial seria rebaixada para o Grupo A neste ano, em solidariedade aos acontecimentos em questão. A decisão foi foi alvo de protestos dos representantes das escolas de samba presentes no local.
Com a decisão, treze escolas de samba irão desfilar na categoria principal em 2018 — as doze de 2017, mais uma promovida do Grupo A. No próximo ano, duas agremiações serão rebaixadas, reequilibrando os grupos.
A Unidos da Tijuca e Paraíso do Tuiuti tiveram as piores notas em alegorias e adereços, possivelmente devido aos acidentes envolvendo carros alegóricos das duas escolas. Cinco vítimas ainda permanecem internadas. A Unidos da Tijuca foi a única punida durante a apuração, mas por estourar o tempo de desfile.
Critério de desempate
A Liesa definiu também na tarde desta quarta-feira a ordem da leitura dos quesitos do Carnaval 2017 das escolas de samba do Rio de Janeiro. Enredo foi o principal critério de desempate e, como sempre, o quesito foi o último a ter suas notas apuradas na Praça da Apoteose.
A apuração das notas foi feita na seguinte ordem: alegorias e adereços, bateria, fantasia, samba-enredo, comissão de frente, evolução, harmonia, mestre-sala e porta-bandeira e enredo. Para o critério de desempate é considerada a ordem inversa da divulgação das notas, o que significa que, depois de enredo, os principais quesitos são mestre-sala e porta-bandeira, harmonia e assim, sucessivamente.
Além da ausência do rebaixamento, a apuração teve outra diferença em relação aos anteriores: em vez de quatro, seis jurados avaliaram cada quesito. Contudo, somente quatro notas foram válidas na apuração. Os reservas atribuíram notas que só seriam divulgadas e computadas na média total caso algum dos titulares tivesse algum problema e não fosse capaz de concluir sua avaliação.
Os jurados concedem as notas, que vão de nove a dez com o fracionamento de décimos, no dia do desfile, em envelopes lacrados e guardados pela Liesa. Estes envelopes só são abertos durante a apuração, na frente de representantes de todas as escolas.