‘Game of Thrones’ retorna colocando todas as cartas na mesa
Oitava temporada da série começou no domingo 14 com episódio marcado por reencontros
(Atenção: este texto contém spoilers do primeiro episódio da oitava temporada de Game of Thrones)
A oitava temporada de Game of Thrones começou segundo a tradição da série no que diz respeito aos seus episódios inaugurais: morna e sem surpresas. Quem esperava pela adrenalina que tornou o título tão popular nos últimos oito anos teve de se contentar com diálogos expositivos, intrigas há muito esquecidas e reencontros anunciados.
O episódio que foi ao ar no domingo 14, intitulado Winterfell, teve no centro o lar da família Stark e até mostrou uma vista aérea da fortaleza pela primeira vez. Lá, o povo que proclamou Jon Snow (Kit Harington) “Rei do Norte” o recebeu de volta de sua missão de recrutar aliados, mas não gostou muito de vê-lo acompanhado por Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), Tyrion Lannister (Peter Dinklage), um exército de Imaculados e Dothrakis e dois dragões. O clima ficou ainda pior quando ele anunciou que Daenerys era agora sua rainha, indicando que abdicara da coroa.
Grande parte da estreia se concentrou nesse mal-estar causado pela aliança entre Jon e Daenerys – uma parceria romântica e não apenas estratégica, como Sansa (Sophie Turner) logo notou e como uma cena piegas envolvendo dragões e uma cachoeira fez questão de explicitar.
Mas o capítulo também foi marcado por reencontros: Arya (Maisie Williams), por exemplo, reviu Gendry (Joe Dempsie) nas fornalhas, trabalhando na confecção de armas de vidro de dragão, e fez uma encomenda. Ela também reencontrou pela primeira vez o meio-irmão (sem saber, ainda, que eles não dividem sequer o parentesco), de quem era muito próxima na primeira temporada. Foi Jon que lhe deu a espada “Agulha” e a série fez questão de lembrar isso, incluindo a informação de forma pouco natural no diálogo entre os dois.
O episódio pareceu determinado a estabelecer esse elo com o início, e a explicar tudo o que pode ter sido esquecido ao longo dos anos. Quando Daenerys conheceu Samwell Tarly (John Bradley-West), por exemplo, ela lembrou o espectador que foi Sam quem salvou Sor Jorah Mormont (Iain Glen) do Escamagris e, depois, também o recordou de que ela, certa vez, queimou vivos um pai e um filho que se opuseram ao seu reino – o pai e o irmão de Sam, no caso.
A cena poderia ter mais impacto caso o pobre aprendiz de meistre não tivesse sido encarregado, imediatamente depois de descobrir que estava órfão, de dar a “notícia do século” a Jon Snow: a de que ele não é filho de quem pensava ser e que, na verdade, é herdeiro do Trono de Ferro. Compreensivamente, Sam o fez da forma mais didática e direta possível, acabando com qualquer suspense.
Fora de Winterfell, as coisas estavam agitadas. Theon (Alfie Owen-Allen) cumpriu a promessa de salvar a irmã (com surpreendente facilidade) e decidiu voltar ao Norte para ajudar na guerra, enquanto ela retornou à Ilha de Ferro sozinha. Já Cersei (Lena Headey), segundos depois de desdenhar dos avanços do desinteressante Euron Greyjoy (Johan Philip Asbæk), prometendo-lhe o “pagamento prometido” pelo novo exército só após o final da guerra, mudou de ideia e permitiu que ele a acompanhasse até o quarto.
Paralelamente, a rainha mandou contratar Bronn (Jerome Flynn) para matar ambos os irmãos – Tyrion e Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) – por traição, caso retornassem da guerra no Norte. Jaime, aliás, apareceu em Winterfell no final do episódio e deu de cara com Bran Stark (Isaac Hempstead-Wright) – o menino que ele jogou de uma janela na primeira temporada.
O momento mais marcante da noite, porém, aconteceu nos minutos finais. Um garotinho, líder da casa Umber que mais cedo participara da assembleia em Winterfell, pedindo por carroças para transportar seu povo, reapareceu pregado a uma parede, morto e cercado por membros decepados. A cena remeteu à sequência inicial do primeiro episódio, quando uma criança morta foi encontrada na floresta num cenário apocalíptico e, logo, voltou à vida como zumbi. Lá, como aqui, a violência era um sinal de que o Rei da Noite (e os Caminhantes Brancos, em geral) havia passado por ali. E, se ele passou pela casa de Umber, estava bem perto de Winterfell.