Sucesso na Globo e no streaming, ‘Manifest’ é série genérica que satisfaz
A produção chega à segunda temporada provando o valor de uma trama comum cheia de teorias conspiratórias: é tudo de que o povo gosta
Cal (Jack Messina) é um garoto de 10 anos com câncer e poucos meses de vida. Ele retorna com a família de uma viagem à Jamaica quando a aeronave é sacudida por uma turbulência. Uma luz no céu o atrai e ele diz: “Está tudo conectado”. Quando pousam em Nova York, o espanto: passaram-se cinco anos desde que o avião decolou da Jamaica e desapareceu. Para quem estava a bordo, porém, não se passou um dia sequer. Cal não só não morreu na data prevista como encontrou em terra firme um futuro com tratamento para sua doença. A médica responsável pela pesquisa que possibilitou tal avanço estava a poltronas de distância dele na viagem. De fato, tudo está muito convenientemente conectado na série Manifest — O Mistério do Voo 828, exibida com sucesso pela Globo e pelo Globoplay, que acaba de lançar a segunda temporada.
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Prima distante e mais rasa de Lost — fenômeno da TV entre 2004 e 2010, sobre os sobreviventes da queda de um avião numa ilha —, Manifest combina elementos da ficção científica e da fantasia com uma quantidade exorbitante de ganchos, que prendem com a dúvida do que está por vir. A embalagem mira no amplo e disperso público da TV aberta, que espera semanalmente por um novo episódio, em uma época na qual as maratonas no streaming são o novo normal. Manifest, aliás, tem se mostrado um valoroso exemplar do período de transição das emissoras para o mundo virtual. Exibida nos Estados Unidos pela NBC, a série sofreu um tombo de audiência na exibição regular na TV, mas dobrou o número de espectadores no streaming do canal, resultado que lhe garantiu a renovação para uma terceira temporada. Caminho parecido seguem outros títulos da rede, como The Blacklist e Ponto Cego (exibidas aqui pela TV paga e pela Netflix). São tramas que deitam e rolam em seus excessos, mas cumprem a função de entreter.
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Em sua nova fase, Manifest acentua velhos dilemas do elenco, encabeçado pela detetive Michaela (Melissa Roxburgh) e por seu irmão Ben (Josh Dallas), pai de Cal. Desde que voltaram, os passageiros são acometidos de visões e vozes que dão ordens e revelam o futuro. Teorias conspiratórias não faltam: eles são perseguidos pelo governo, por um grupo de ódio e por fanáticos religiosos. Pode não ser muito original, mas é disso que o povo gosta.
Publicado em VEJA de 5 de agosto de 2020, edição nº 2698
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