Os jogadores da Alemanha se manifestaram nesta quarta-feira, 23, contra as ameaças de sanção da Fifa ao uso da braçadeira “One Love”, em favor da inclusão e contra a discriminação à causa LGBTQIAP+. Antes mesmo de a bola rolar para a estreia do país na Copa do Mundo do Catar, diante do Japão, no estádio Internacional Khalifa, os 11 atletas titulares posaram para a foto oficial tapando as bocas. O goleiro e capitão Manuel Neuer ainda tentou esconder a braçadeira disponibilizada pela entidade.
Logo após o início da partida, a Federação Alemã de Futebol se pronunciou, por meio de nota oficial, explicando os motivos para a decisão. A entidade responsável pelo futebol do país argumentou que “não era uma declaração política” e que “direitos humanos não são negociáveis”.
“Queríamos usar nossa braçadeira de capitão para nos posicionar sobre os valores que defendemos na seleção da Alemanha: diversidade e respeito mútuo. Junto com outras nações, nós queríamos que nossa voz fosse ouvida”, iniciou dizendo a federação.
“Não era sobre fazer uma declaração política – direitos humanos não são negociáveis. Isso deveria ser tomado como certo, mas ainda não é o caso. Por isso essa mensagem é tão importante para nós. Negar a nós a braçadeira é o mesmo que nos negar a voz. Nós defendemos a nossa posição”, completou em outro trecho.
A reação dos atletas é uma resposta direta de insatisfação pela medida imposta dias antes. A Fifa avisou as federações dos países que capitães que entrarem em campo com as braçadeiras serão penalizados com um cartão amarelo antes mesmo do início das partidas.
Consequentemente, o grupo composto por sete seleções europeias – Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Holanda e Suíça- anunciou na última segunda-feira, 21, em um comunicado conjunto, que não utilizaria mais o item.
Antes do início do jogo, Neuer ainda usava a braçadeira cedida pela entidade por baixo da camisa de jogo. Um dos árbitros assistente foi até o jogador checar a posição da faixa, pedindo que reposicionasse o item.
O goleiro e capitão alemão, Manuel Neuer, disse anteriormente não ter medo das consequências de aderir ao protesto contra a homofobia. Em tese, as braçadeiras fazem parte dos equipamentos providenciados pela Fifa às seleções antes das partidas.
O regulamento da Copa diz que nenhum item dos uniformes das delegações podem conter mensagens políticas ou religiosas ou comerciais, com pena de multa.
Durante entrevista coletiva na véspera da abertura do Mundial, no último dia 19, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, foi perguntado sobre a questão das faixas e disse que “teremos várias campanhas de inclusão. Temos que achar tópicos sobre os quais todos concordam”.
Infantino também criticou os preconceitos que, segundo ele, são cometidos pelos europeus quando se referem ao Catar. “Eu me sinto catari, árabe, africano, gay, com deficiência. Quando eu vejo essas coisas e o que dizem eu lembro de histórias pessoais”, declarou o italiano na polêmica entrevista.
Na primeira rodada, as braçadeiras terão a frase “Futebol Une o Mundo”. Na segunda, será “Salvem o Planeta”. Na terceira, “Protejam as Crianças”. Já nas oitavas a mensagem será “Educação para Todos”, enquanto nas quartas será “Não à Discriminação”, na semi “Mexa-se” e na final, “Futebol é Alegria, Esperança, Amor e Paz”.