Morreu nesta terça-feira (20), aos 71 anos, José Aparecido de Oliveira, um dos principais árbitros do Brasil entre as décadas de 1980 e 1990. A causa da morte não foi divulgada pela família. A informação foi divulgada pelo Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo (Safesp). Enérgico e disciplinador, Aparecido foi árbitro Fifa e apitou uma série de partidas decisivas do calendário nacional – envolvido, diversas vezes, em confusões dentro de campo.
Nenhuma foi mais ruidosa do que a cusparada, em outubro de 1991, em um clássico entre Corinthians e Palmeiras, que levou do do meio-campista Neto, camisa 10 e o principal jogador do Corinthians. O jogador agrediu Aparecido depois de receber cartão vermelho. Na súmula da partida, que também teve o volante Márcio (Corintihans) e o zagueiro Toninho (Palmeiras) expulsos, o juiz relatou o ato desrespeitoso e de indisciplina do jogador. Após ser julgado, o meia pegou quatro meses de suspensão. Anos depois, o ex-atleta e hoje apresentador de TV, pediu desculpas ao árbitro.
“Eu cuspi no rosto do Zé Aparecido e eu fui racista. Racista nojento, escroto, covarde. E os meus filhos sabem disso. E eu aprendi a não ser mais”, afirmou Neto, recentemente, durante seu programa na Band.
Outro jogo polêmico em que Aparecido esteve envolvido foi a final do Campeonato Paulista de 1993, também entre Palmeiras e Corinthians. O jogo, que terminou 4 a 0 para o Alviverde, encerrando um jejum de 17 anos sem títulos, teve três corintianos expulsos (Ronaldo Giovanelli, Henrique e Ezequiel) e apenas um palmeirense, Tonhão. Os alvinegros acusaram o árbitro de privilegiar o Palmeiras, por não ter expulsado o atacante Edmundo, após uma entrada dura no atacante Paulo Sérgio.
Essa partida, segundo o próprio árbitro, lhe causou uma série de problemas. Chegou a prestar depoimento sobre um suposto esquema que envolvia a patrocinadora do Palmeiras na época, a Parmalat. Além disso, recebeu ameaças de morte.
“Se hoje perguntassem se eu gostaria de apitar a final de 1993 eu diria que não. Nem que fosse para ganhar R$ 1 milhão. Nada paga o que eu passei. De benefício para minha carreira aquela partida não trouxe nada. Eu já era um árbitro consagrado e internacional, que apitava Libertadores e jogos de Eliminatórias de Copa do Mundo. Foi muito difícil em todos os sentidos. Minha família não merecia passar por tudo aquilo”, contou Aparecido, em entrevista ao GE, em 2013.
Aparecido também apitou as finais do Campeonato Brasileiro de 1990, entre São Paulo e Corinthians, além dos Campeonatos Paulista de 1990, entre Bragantino e Novo Horizontino e 1992, entre São Paulo e Palmeiras.
Atualmente, ele trabalhava como auditor do Tribunal Pleno do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) de São Paulo. O velório e o sepultamento vão ocorrer no Cemitério Memorial Jardim Santo André, na cidade do ABC.