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Apesar do otimismo exagerado dos brasileiros, Copa do Mundo de Clubes confirma o óbvio

Evento da Fifa mostrou que os times da Europa, muito mais ricos, estão anos-luz à frente

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 jul 2025, 08h00

No início, na fase de grupos, houve alguma desmedida celebração com o sucesso dos times brasileiros na Copa do Mundo de Clubes, nos Estados Unidos. Fluminense, Palmeiras, Botafogo e Flamengo avançaram para as oitavas. O alvinegro se deu ao luxo de vencer o PSG por 1 a 0. O rubro-negro fez 3 a 1 no Chelsea, mas era ilusão. Os tricolores fizeram uma excelente campanha, chegaram à semifinal e podem celebrar — mas, no campeonato real, o da realidade contra a esperança, a decisão ficará entre os franceses de Paris, que atropelaram o Real Madrid por 4 a 0, e os ingleses, no domingo 13. O elenco do Chelsea vale o equivalente a 8,11 bilhões de reais. O do PSG, 7,15 bilhões de reais. Ficam ambos atrás apenas do Real (8,56 bilhões de reais). O Fluminense, para efeito de comparação, soma 550 milhões de reais. Um dado irônico: João Pedro, “cria de Xerém”, nascido para o futebol nas categorias de base do time carioca, autor dos dois gols do Chelsea na semifinal, na vitória por 2 a 0 contra a equipe carioca, foi contratado do Brighton por 70 milhões de euros, ou 80% da folha de pagamento do time brasileiro. Dinheiro não é tudo no futebol — o único esporte coletivo em que o Davi pode vencer o Golias — mas o caixa faz toda a diferença.

O Brasil tentou, mas morreram todos na praia — o Fluminense de Renato Gaúcho chegou a pegar a última onda, mas não deu certo. A triste constatação: não tem jogo, e entre Europa e América do Sul há um imenso oceano de diferenças. Lembre-se que em 1981 o Flamengo de Zico venceu com facilidade o Liverpool, por 3 a 0, na final do então Intercontinental de Clubes, tempo em que a indústria bilionária do futebol engatinhava. Agora, tudo mudou, e o cofre dita as regras. É lição que não pode ser desdenhada no futuro do torneio de clubes, ideia que aparentemente deu certo, mas com riscos: é natural, salvo exceções, que a porfia, especialmente entre os europeus, seja disputada sempre com os mesmos times — os mais ricos. Pode, por isso, perder a graça que teve em sua primeira versão.

BAILE - O PSG de Dembélé: na finalíssima, depois de atropelar o Real Madrid na semifinal
BAILE - O PSG de Dembélé: na finalíssima, depois de atropelar o Real Madrid na semifinal (Dan Mullan/Getty Images)

A graça, em termos, porque nos Estados Unidos não colou como se imaginava. O valor do ingresso para a semifinal entre Fluminense e Chelsea caiu de 473 dólares para 13,40 dólares. Nas partidas das quartas, o desconto foi ainda maior — ruiu para 11,50 dólares. Até as semifinais, a média de público foi de 39 000 pessoas, com taxa de ocupação de 63%. A título de comparação: na Copa de 1994, disputada em solo americano, a média bateu em 68 000 por partida. O resultado é retrato da falta de interesse pelo soccer entre os americanos e alerta para a copa de seleções do ano que vem, dividida entre o país de Donald Trump, o México e o Canadá. “Deve-se ter em conta o rigor na emissão de vistos para imigrantes, em situação que não poderia ser imaginada quando o torneio foi confirmado nos Estados Unidos”, diz Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de gerenciamento de carreira de futebolistas.

Aos olhos de quem acompanhou pela televisão, o mês de disputa ficará marcado pelas longas interrupções em decorrência da ameaça de tempestades. É o protocolo, não há choro, nem vela, iniciativa fundamental para evitar sustos e acidentes — mas que ficou esquisito, ficou. Ressalve-se, contudo, apesar dos pesares, que no Brasil o campeonato pegou, ao menos entre os torcedores dos times que estavam na disputa e os “secadores” — e não por acaso a segunda edição pode ser disputada pelas bandas de cá, segundo admitiu a Fifa. Há estatística a iluminar o entusiasmo, sobretudo na fase de mata-mata: na sexta-feira 4, as partidas de Fluminense e Palmeiras pelas quartas renderam recordes de audiência na TV Globo. Na faixa das 16 às 18 horas, em que o Flu venceu o Al-Hilal por 2 a 1, houve 32 pontos de média, o maior índice em partidas do clube desde a final da Libertadores, em novembro de 2023. Mais tarde, a eliminação do Palmeiras diante do Chelsea marcou 27 pontos, recorde no horário, de 22 horas à meia-noite, numa sexta-feira, desde outubro de 2022.

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A Copa do Mundo de Clubes, especialmente se vier a ser disputada em país que gosta de futebol, tem tudo para crescer. Os dólares estão na mesa, garantindo a brincadeira. O fundo soberano da Arábia Saudita deu 5,4 bilhões de reais para a Fifa. O campeão levará algo em torno de 715 milhões de reais. “A Fifa e seus parceiros tiveram de investir muito, de modo a garantir a presença dos principais jogadores dos grandes times da Europa”, diz Luiz Muzzi, assessor estratégico do grupo que comanda o Orlando City. É isca que atrai, por óbvio, os brasileiros, na periferia dos investimentos. A defasagem, porém, difícil de ser reduzida, é sinônimo de impossibilidade — por ora, apenas os brilhos excepcionais salvariam a pátria de chuteiras. O que nos resta, agora, para os próximos dias? A retomada do Brasileirão.

Com reportagem de Natalia Tiemi Hanada

Publicado em VEJA de 11 de julho de 2025, edição nº 2952

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