Brasil em Zurique: muitas homenagens, nenhum prêmio
Mais uma vez, país levou diversos representantes, mas foi coadjuvante na festa dos melhores do futebol mundial
Mais uma vez, a língua portuguesa dominou a festa da Fifa, em Zurique – muito mais por causa do lusitano Cristiano Ronaldo, o melhor do mundo pela quarta vez, do que pelos brasileiros. O país pentacampeão mundial foi amplamente representado na cerimônia de gala desta segunda-feira, inclusive com justas e bonitas homenagens, mas ficou sem os principais prêmios na noite na Suíça. O Brasil não vence o prêmio de melhor do mundo entre os homens desde 2007, com Kaká. Marta venceu cinco vezes na categoria feminina a última em 2010.
Neymar, a principal estrela do futebol nacional, nem sequer foi a Zurique. Assim como o companheiro Lionel Messi, segundo melhor, o brasileiro seguiu a recomendação do Barcelona, que decidiu priorizar a preparação para o jogo de quarta-feira. Terceiro colocado no ano passado, desta vez Neymar perdeu a condição de finalista para o francês Antoine Griezmann. Na categoria feminina, a rainha Marta, cinco vezes ganhadora, voltou à festa após um ano de ausência. A atleta alagoana de 30 anos, porém, foi derrotada pela americana Carly Lloyd.
O meio-campista Marlone, do Corinthians, também era um candidato a estrela da noite ao concorrer ao prêmio Puskás pelo gol mais bonito do ano. Mas o troféu, entregue pelo ex-atacante Ronaldo (três vezes ganhador do prêmio) terminou nas mãos de Mohd Faiz Subri, da Malásia. O Brasil venceu o Puskás duas vezes, com Neymar em 2011 e Wendell Lira em 2015.
O Brasil teve dois atletas premiados, é verdade. Daniel Alves, da Juventus, e Marcelo, do Real Madrid, fazem parte da seleção ideal de 2016, mas não tiveram temporadas tão brilhantes assim.
Ao contrário do suposto vazamento divulgado pelo jornal espanhol Mundo Deportivo, Neymar ficou de fora da equipe, em mais uma derrota do futebol nacional. O prêmio não costuma ser dos mais justos: os atletas mais famosos, como é o caso do espanhol Andrés Iniesta em 2016, costumam ser lembrados, mesmo que não tenham feito uma grande temporada. Foi o que aconteceu com Daniel e Marcelo.
Homenagens – A festa em Zurique, porém, honrou o futebol brasileiro em três oportunidades. Logo no início, a Fifa recordou a morte de Carlos Alberto Torres, o capitão do tricampeonato em 1970. Em seguida, fez uma homenagem à Chapecoense, vítima de um acidente aéreo no final do ano passado que matou quase todos seus jogadores. Pelas inúmeras manifestações de afeto que fez ao clube brasileiro após o desastre, o Atletico Nacional, da Colômbia, ainda levou o troféu Fair Play.
O momento mais prestigioso, porém, ficou reservado para Falcão, o rei do futsal. Aos 39 anos, o atleta mais consagrado de sua modalidade recebeu, com a voz embargada, um placa em homenagem a sua “carreira espetacular”. “Sei que tudo que fiz durante toda carreira valeu a pena. Estou aqui recebendo um prêmio, representando meu país e meu esporte”, afirmou Falcão, no grande momento do esporte brasileiro em Zurique.
Apesar da seca de nove anos, o Brasil segue liderando entre os países que mais produziram melhores do mundo. Levando em conta apenas a premiação da Fifa, criada em 1991, foram oito conquistas (três de Ronaldo, duas de Ronaldinho, uma de Romário, uma de Rivaldo e uma de Kaká). Portugal tem cinco (quatro com Cristiano Ronaldo e uma com Luís Figo), assim como a Argentina (todas com Messi).