‘Contra os coreanos não pode dar espaço’, diz arqueiro Marcus D’Almeida
Em uma final antecipada, o brasileiro número um do mundo enfrentará principal rival nas oitavas
Embora tiro com arco esteja longe de ser um dos esportes mais populares do Brasil, o país ocupa o topo do ranking nessa modalidade. E na Olimpíada 2024, a disputa tem rendido emoções. Dono do título de melhor do mundo, Marcus D’Almeida deve enfrentar uma espécie de final antecipada nas oitavas, ao enfrentar o sul-coreano Woojin Kim, número dois na classificação global, no próximo domingo, 4.
Em coletiva concedida nesta quarta-feira, 2, D’Almeida afirmou não ter estratégias na manga, mas que pretende enfrentar o oponente com garra. “Contra os coreanos não pode dar espaço”, afirmou. “Tenho que começar bem e continuar forte até o final. Esse é o segredo.”
A disputa promete ser emocionante. Marcus partiu na 17º colocação e começou enfrentando o ucraniano Mykailo Usach, vencendo por 6 a 2. Na segunda partida, contra o japonês Fumiya Saito, venceu por 7 a 1, com uma pontuação quase perfeita: entre os 9 tiros, apenas um foi fora da pontuação máxima. Woojin também começou bem. Além de garantir a vaga nas oitavas, na competição de dupla masculina – de que o Brasil não participa – o coreano já garantiu seu primeiro ouro, o terceiro desde a Rio 2016.
Apesar da disputa, ele afirmou que, nos bastidores, o clima é de respeito. “Nós sabemos o que cada um passou para chegar nesse nível”, afirmou. “Entre o top 10, não vai existir uma gracinha, porque é uma desrespeito à modalidade.”
Apelidado nas redes sociais de Legolas Brasileiro, Marcus tem ajudado a popularizar o esporte, ao lado Ana Luiza Caetano, que também defende o Brasil. Ele pede que os brasileiros continuem na torcida. “É uma real possibilidade de medalha, torçam pela gente”, ele pediu. “Mandem essa energia positiva.”
Como o arqueiro verde e amarelo se prepara para as competições?
Em entrevista à repórter Monica Weinberg, corresponde de VEJA na Olimpíada 2024, Marcus revelou um ritmo intenso de treinamento – das 8h às 20h, com cerca de 300 lançamentos diários. E ter chegado em Paris não o convenceu a relaxar na preparação.
“O que abaixa meu nível de ansiedade é atirar”, ele comenta, bem humorado. “É quase uma meditação ali. Sem muita pressão, só fazendo o que tem que ser feito, deixando o movimento acontecer.”
Ele diz ainda que, para cuidar da saúde mental, tema que ganhou ainda mais popularidade desde que Simone Biles decidiu se afastar da ginástica, ele tenta aproveitar a felicidade de estar na disputa e pensar mais no desafio entre ele e o alvo, do que focar nos adversários. “Já venho falando sobre isso há muito tempo. Eu e o alvo, eu e o alvo. E nas oitavas vai ser mais um dia sobre isso”, disse.
D’Almeida também disse gostar de se levantar com calma, ouvir música e tomar um bom café da manhã, o que não foi atrapalhado pelo polêmico banquete da vila olímpica. “Eu não tenho nada a reclamar”, disse. “Para almoçar e jantar eu estou usando a base do time Brasil, onde tem comida brasileira. Acho que tem bastante gente usando.”
Questionado sobre sua relação com os outros esportes, disse gostar especialmente do surf e do skate, mas que também assiste outras modalidades quando tem oportunidade.