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Dívidas da Copa de 2014 podem chegar a R$ 1 bilhão

Por causa de pendências financeiras e judiciais referentes ao Mundial, Comitê Organizador Local, presidido por Marco Polo Del Nero, segue funcionando

Por da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 20h46 - Publicado em 12 jan 2017, 11h21

O Brasil foi goleado pela Alemanha em julho de 2014, mas o vexame da Copa do Mundo em casa ainda não terminou. Pendências financeiras e nos tribunais referentes ao Mundial podem chegar a 1 bilhão de reais e, por isso, o Comitê Organizador Local (COL) ainda está funcionando.

O órgão chefiado por Marco Polo Del Nero, também presidente da CBF, deveria ter sido dissolvido 18 meses após o fim da Copa – ou seja, em 13 de janeiro do ano passado. No entanto, um ano após a data-limite o comitê continua em atividade, de acordo com a Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (Jucerja), onde está registrado. A última reunião da diretoria do COL aconteceu em 8 de agosto, mas a ata entrou nos arquivos da junta comercial apenas no mês passado.

Naquela ocasião, a assembleia de sócios tratou das contas relativas a 2015. Del Nero não compareceu à reunião realizada na sede atual da entidade – duas salas em um suntuoso prédio de escritórios na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, a dois quilômetros da sede da CBF. Ele foi representado por Rogério Caboclo, diretor-executivo de Gestão da CBF.

Blatter, Ronaldo e Marin na reunião do Comitê Organizador da Copa, na Costa do Sauípe
Blatter, Ronaldo e Marin em reunião do COL (Alexander Hassenstein/Fifa/Getty Images/VEJA)

A CBF, que também consta como sócia do comitê que organizou a Copa do Mundo, teve como outro representante o seu diretor jurídico, Carlos Eugênio Lopes. No encontro, as contas do COL foram aprovadas “integralmente e sem quaisquer emendas ou ressalvas”.

O curioso é que são justamente questões financeiras que impedem que o COL encerre as atividades, passados 30 meses do término da Copa do Mundo. Ao jornal O Estado de S.Paulo, um membro do alto escalão da CBF confirmou que, entre pendências e demandas da Justiça, o valor atinge 1 bilhão de reais.

Advogados que trabalham nas dezenas de casos, porém, dizem esperar ser preciso desembolsar “apenas” entre 10 milhões e 20 milhões. de reais A CBF confia que a Fifa assumirá esses encargos.

Reforma – Questionada sobre as atividades do COL, a Fifa evitou polemizar. Em nota, declarou que “o escopo da operação da Copa do Mundo é imenso e inclui um intenso trabalho após a competição”. A entidade confirmou ainda ser a responsável por financiar o comitê, mas que os valores desembolsados atualmente são mínimos se comparados ao período pré-Copa.

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O discurso oficial, porém, contradiz o que vem sendo colocado em prática. Na Fifa, a proposta de reforma das Copas do Mundo também prevê o fim dos comitês organizadores locais. Pelo novo formato, a organização será centralizada em Zurique. Fontes na Suíça confirmaram que foi o “caos” do COL no Brasil que levou a entidade a aplicar o fim deste modelo.

Há dois anos e meio, o organismo criado no Brasil recebeu 440 milhões de dólares (1,4 bilhão de dólares pela cotação atual) da Fifa, mas parte do dinheiro foi destinada a pagar salários de cartolas como os ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e José Maria Marin e do atual, Marco Polo Del Nero. Internamente, a Fifa também avaliou que, ao dar poder a um grupo local, perdeu o controle sobre o uso político do Mundial.

O resultado foi uma pressão de dirigentes brasileiros para inchar o evento. O grupo que comandava a CBF colocou o torneio em 12 estádios – e não oito como pedia a Fifa. A estrutura da Copa chegou a passar até por consultas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em escolhas que envolviam também critérios políticos.

A atividade do COL passou a ser alvo de investigações – de CPI no Brasil e pelo FBI nos Estados Unidos, que apura as relações entre Ricardo Teixeira e o ex-secretário-geral da Fifa, o francês Jérôme Valcke. Como previsto, foram herdados “elefantes brancos” como a Arena Pantanal, a Arena Cuiabá e o Mané Garrincha. Até mesmo o Maracanã está abandonado, como mostram fotos exclusivas de VEJA:

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